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Nos 50 anos do regresso de Mário Soares a Portugal, vindo do exílio

“Comemorar o 25 de Abril não pode nem deve ser uma rotina. Pelo contrário: deve ser um ato criador de reafirmação e confiança dos Portugueses no futuro de Portugal e nas virtualidades do regime de democracia pluralista que temos vindo coletivamente a construir, desde 1974, em paz e liberdade, superando dificuldades imensas e inevitáveis contradições.”

Mário Soares, 25 de abril de 1986.

No dia 25 de Abril de 1974, Mário Soares estava em Bona, na Alemanha. Tinha, a convite do Partido Social-Democrata alemão (SPD), uma audiência com o chanceler Willy Brandt. De madrugada, é informado pelas autoridades alemãs, de movimentações militares em Lisboa. Desdobra-se em contactos, procurando obter mais notícias. Regressa de imediato a Paris, onde vivia, e daí parte para Lisboa, logo no dia 27 de abril: “A partir do momento em que soube que os militares estavam na rua, não podia ficar longe”. Veio no Comboio da Liberdade, com Maria Barroso, Tito de Morais, Ramos da Costa e Fernando Oneto.

Mário Soares estava exilado desde 1970, após a conferência de imprensa realizada em Nova Iorque, no Overseas Press Club, em que denunciou, mais uma vez, a ditadura e a sua política colonial. Na oposição ativa desde a sua juventude, tinha sido preso 13 vezes e deportado por ordem de Salazar para São Tomé em 1968. 

Nunca baixara os braços na luta pela liberdade e pela democracia. Quando partiu para o exílio, numa carta dirigida a amigos resistentes e distribuída clandestinamente em Portugal, as suas palavras são de resistência mas também de esperança e de ânimo: “O combate é duro mas a coragem não nos falta. Prossigamos pois a nossa luta pela liberdade e pela justiça! Tenhamos confiança: num mundo em transformação acelerada, é impossível deter o progresso.”

Em 1973, é fundado o Partido Socialista, em Bad Münstereifel, na Alemanha, num congresso que contou com a participação de 27 delegados e onde é logo eleito secretário-geral. Conquistou uma visibilidade e reconhecimento internacionais que mais nenhum político português da oposição alcançara. Em março de 1974, escreve no jornal francês Le Monde: “qualquer coisa «mexe», finalmente, em Portugal”.

Chega a Lisboa no dia 28 de abril. É recebido, na estação de Santa Apolónia, de forma apoteótica por milhares de portugueses, que souberam do seu regresso do exílio através da imprensa e rádio. Dirige-se à multidão: “Quero dizer uma palavra para as Forças Armadas. Restituíram a voz e a alegria ao Povo português, ato histórico que não podemos esquecer. Mas é agora ao povo, aos trabalhadores, que compete a tarefa principal, organizar a democracia e pôr fim à guerra colonial”.

A ditadura tinha sido derrubada três dias antes pelo Movimento das Forças Armadas. Começa um tempo novo, em liberdade. Mário Soares tinha um projeto para o país, que pensara e amadurecera nos anos de combate feroz à ditadura. Esse projeto era a construção de um Portugal novo, democrático, europeu e aberto ao mundo.

As comemorações do Centenário de Mário Soares têm início oficial a 7 de dezembro deste ano, data em que faria 100 anos, e prolongam-se por todo o ano de 2025, ligando-se ao centenário de Maria Barroso. O logotipo das Comemorações é agora apresentado, simbolicamente quando se assinalam os 50 anos do regresso de Mário Soares a Portugal, vindo do exílio. A imagem, da autoria de Rafaela Monteiro Vieira, jovem recém-diplomada, venceu o concurso lançado pela Comissão do Centenário, no final do ano passado.

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