Mário Soares | Um europeísta convicto
A Fundação Mário Soares comemora o Dia da Europa e disponibiliza online documentação única sobre o processo de integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia.
Cerimónia de assinatura do tratado de adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE), decorrida no Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa. Da esquerda para a direita: Garret Fitzgerald (Primeiro-Ministro da Irlanda), Mário Soares (Primeiro-Ministro português), Bettino Craxi (Primeiro-Ministro italiano), Giulio Andreotti (Ministro dos Negócios Estrangeiros italiano), e Felipe González (Presidente do Governo espanhol).
"Sou um europeísta convicto."
Desde os anos de chumbo da ditadura que Mário Soares se referia à questão europeia e à posição de Portugal. Em 1972, observava, com preocupação: "A Europa está a construir-se na ausência de Portugal…".
Imediatamente a seguir ao 25 de Abril de 1974, antes de tomar posse como Ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares visitou vários países europeus, reunindo com chefes de governo e outros dirigentes com quem já tinha relações políticas e pessoais, tendo a importante missão de obter o reconhecimento internacional da Revolução de Abril.
Já como chefe de Governo, em 1976, inscreveu como prioridade no Programa do I Governo Constitucional, a adesão ao Conselho Europeu e à Comissão Económica Europeia (CEE). Menos de um ano depois, visitou, acompanhado do ministro do Negócios Estrangeiros, José Medeiros Ferreira, várias capitais europeias, recolhendo apoios para o ingresso de Portugal no Mercado Comum. O pedido de Portugal foi formalizado a 28 de março de 1977.
A 12 de junho de 1985, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, Mário Soares assinou, como Primeiro-ministro do IX governo, o Tratado de Adesão de Portugal à CEE. O projeto europeu continuou no centro das suas atenções como Presidente da República, Eurodeputado e Presidente do Movimento Europeu.
Referindo-se ao balanço do significado e do impacto da adesão de Portugal à Europa diria na sessão comemorativa dos 20 anos da assinatura do tratado da adesão: "O Povo Português sabe o que deve à União Europeia. Um país significativamente atrasado, em relação à média da Europa Ocidental, oprimido por quase meio século de opressão e obscurantismo, isolado do resto do mundo, condenado pelas Nações Unidas e pela consciência universal, em função das guerras coloniais em que se deixara envolver, deu, com a adesão à CEE, um salto histórico no plano do desenvolvimento e da sua autoconfiança, instalando-se noutro patamar económico, sem paralelo com o anterior, num dos pólos de maior progresso económico, científico e tecnológico do Mundo."
Mário Soares foi sempre uma grande voz europeia. Nos últimos anos da sua vida, preveniu e alertou para os perigos que ensombravam o projeto europeu, reforçando a importância da fidelidade aos seus ideais fundadores, em especial o da solidariedade entre os seus membros.
O Arquivo da Fundação Mário Soares disponibiliza online documentação única sobre o processo de integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia:
- Viagem às capitais dos países membros da CEE, fevereiro e março de 1977
- Discurso de Mário Soares na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, abril de 1977
- Discurso de Mário Soares na Assinatura do Constat d' Accord: Integração de Portugal na CEE, 24 de outubro de 1984
- Discurso de Mário Soares no Debate sobre a Integração de Portugal na CEE, 12 de abril de 1985
- Discurso de Mário Soares na Cerimónia de Assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à CEE, 12 de junho de 1985
- Discurso de Mário Soares no encerramento das intervenções do Governo no Debate sobre o Tratado de Adesão de Portugal à CEE, 11 de julho de 1985
- Discurso de Mário Soares no Parlamento Europeu, 9 de julho de 1986