A 20 de Maio de 2022, Timor-Leste celebra o 20.º aniversário da proclamação da sua independência, formalmente reconhecida pela comunidade internacional, depois de um conturbado processo que se estendeu por cerca de duas décadas e meia, após a ocupação do território pela Indonésia em 7 de dezembro de 1975.
Durante esse período, Portugal apoiou a defesa do direito do povo timorense à autodeterminação. Mário Soares assumiu um papel relevante ao longo deste processo, em particular enquanto Presidente da República, manifestando, por diversas ocasiões, uma crítica feroz à violação dos princípios consignados na Carta das Nações Unidas e na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
(...) “Portugal tem fundadas esperanças de que o Povo de Timor-Leste, tão martirizado e esquecido pela comunidade internacional, possa enfim ver reconhecidos os seus legítimos direitos à autodeterminação e independência - princípios indeclináveis consagrados na Carta das Nações Unidas.”
(Discurso proferido pelo Presidente da República, Mário Soares, no Palácio de Queluz, em 9 de janeiro de 1988, na cerimónia de saudação do Corpo Diplomático)
“A verdade é que os timorenses sujeitos a uma repressão cruel e persistente nunca transigiram com a opressão nem nunca perderam a esperança na solidariedade internacional (...).
“O Povo de Timor-Leste tem mostrado uma inegável capacidade de resistência e acabará por impor os seus legítimos direitos. As ditaduras não são eternas. Nós, portugueses, temos boas razões para o poder afirmar. Ao contrário do que pensam muitos pessimistas, o tempo não corre a favor dos ditadores. O movimento internacional de solidariedade para com Timor-Leste é irreversível.”
(Mensagem enviada à Conferência Interparlamentar de Lisboa por Timor-Leste e lida pelo Presidente da Assembleia da república, em 31 de maio de 1995)
A tenacidade timorense, o movimento de solidariedade internacional e os esforços de Portugal vingaram. Em 1999, num referendo supervisionado pelas Nações Unidas, a esmagadora maioria da população de Timor-Leste manifestou a sua clara vontade de ser independente.
Mário Soares continuou empenhado na afirmação da memória e identidade próprias dos timorenses no período de transição e consolidação democráticas.
Timor ensinou-nos que a utopia pode tornar-se, quando haja uma vontade política persistente, na mais realista e acertada das políticas.
(Artigo de Mário Soares, entitulado “De Bruxelas… a independência de Timor”, publicado no jornal Expresso, em 25 de maio de 2002)
A Fundação Mário Soares e Maria Barroso auxiliou na recuperação de numerosos documentos e fotografias, em particular relativos à Resistência Timorense, que se encontravam dispersos e em risco de degradação. Em 2002, teve início um processo de cooperação que permitiu recuperar, preservar, digitalizar, descrever e disponibilizar publicamente o imenso manancial da documentação que testemunha a longa história de resistência dos timorenses. A Fundação empenhou-se ainda na criação do Museu e Arquivo da Resistência Timorense, em Díli, que hoje alberga essa documentação e dá continuidade ao processo da sua recolha e salvaguarda.
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