Fundação Mário Soares

Cronologia

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1918

Apogeu e queda de Sidónio Pais, o "Presidente-Rei", que acaba assassinado na Estação do Rossio. Na Flandres, o desastre de La Lys confirma a falta de preparação dos soldados portugueses, caídos numa das últimas ofensivas alemãs desta Guerra. Em Portugal, as organizações da classe operária afastam-se progressivamente do sidonismo, que implanta uma obra assistencial baseada na "sopa dos pobres". A pneumónica dizima milhares de pessoas, entre os quais Amadeo de Souza Cardoso. O armistício não trouxe substanciais melhorias à vida da população. Ao chegar ao fim do ano, o regime sobrevive periclitantemente ao seu fundador.

1918
"A Via Sinuosa"

Publicação de "A Via Sinuosa", de Aquilino Ribeiro.

Ano: 1918 Tema: Cultura
1918
Lusitânia Film

Criação da Lusitânia Film. Um dos seus fundadores e director geral foi José Celestino Soares.

Ano: 1918 Tema: Cultura
1918
Conservatório Nacional

Vianna da Mota é director do Conservatório Nacional.

Ano: 1918 Tema: Cultura
1918
"A Princesa dos Sapatos de Ferro"

Estreia do bailado "A Princesa de Sapatos de Ferro", de Ruy Coelho, no S. Carlos. Teria sido escrito em 1912. Os cenários são da autoria de José Pacheko. Contou com a coreografia e a interpretação de Almada Negreiros (no papel de Diabo).

Ano: 1918 Tema: Cultura
1918
"O Ensino como Factor de Ressurgimento Nacional"

Publicação de "O Ensino como Factor de Ressurgimento Nacional", de António Sérgio.

Ano: 1918 Tema: Cultura
Quinta-feira, 10 de Janeiro de 1918
Dissolução dos corpos administrativos

O Sidonismo, pelo decreto n.º 3738, dissolve todos os corpos administrativos e manda os Governadores Civis nomear comissões, em substituição das respectivas Juntas Gerais, Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia. Afastava-se da máquina do Estado os eventuais inimigos políticos do campo republicano, muito especialmente os do Partido Democrático. De imediato, a Polícia encerra centros republicanos, incluíndo aqueles em que funcionavam escolas.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quarta-feira, 23 de Janeiro de 1918
Reconhecimento internacional

Os representantes dos países aliados em Portugal reúnem para definir uma tomada de posição face ao novo regime, resolvendo nessa reunião retirar as reservas iniciais e reatar as relações com o governo sidonista, embora sem o reconhecerem ainda formalmente.

Ano: 1918 Tema: Relações Internacionais
Quinta-feira, 17 de Janeiro de 1918
Reivindicações da União Operária Nacional

Face ao aparente desinteresse do novo executivo, o Conselho Central da UON nomeia uma comissão para, junto do Presidente do Ministério, Sidónio Pais, inquirir da atenção dispensada pelo governo às reclamações operárias que tinham sido apresentadas.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Sábado, 19 de Janeiro de 1918
Almoço no Eliseu

Bernardino Machado é convidado, pelo Presidente francês Raymond Poincaré, para um almoço no palácio do Eliseu.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Domingo, 27 de Janeiro de 1918
Afundamento do "Serra do Gerês"

O pesqueiro português "Serra do Gerês" é afundado no mar das Berlengas por um submarino alemão.

Ano: 1918 Tema: Conflitos bélicos e activ.mil.
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 1918
Demissão de Manuel Teixeira Gomes

Manuel Teixeira Gomes, Ministro Plenipotenciário em Londres, é demitido, por razões políticas, pelo governo de Sidónio Pais. No dia seguinte, é difundida a informação, em nota oficiosa, da demissão de Teixeira Gomes, que ficaria à disposição, para averiguações, até 4 de Fevereiro.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 21 de Janeiro de 1918
Redefinição da acção do Corpo Expedicionário Português

Convenção luso-britânica para redefinir e regulamentar o futuro do Corpo Expedicionário Português (CEP). Na altura da tomada do poder por Sidónio Pais, o CEP debatia-se com a falta de transportes e de reforços. Sidónio Pais vai aceitar o " plano de Derby", já anteriormente gizado, que consistia na formação de uma só divisão na frente, que seria integrada num Corpo de Exército Britânico.

Ano: 1918 Tema: Conflitos bélicos e activ.mil.
Domingo, 27 de Janeiro de 1918
Passaportes diplomáticos

São invalidados todos os passaportes diplomáticos que não tenham sido reconhecidos pelo actual governo.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 5 de Janeiro de 1918
Leote do Rego e Norton de Matos são abatidos aos efectivos da Armada e Exército

Leote do Rego e Norton de Matos são abatidos aos efectivos da Armada e do Exército, por deserção. Norton de Matos era o Ministro da Guerra do Gabinete de Afonso Costa e assumira as funções de Presidente do Ministério interino, já que Afonso Costa se deslocara a Paris. Leote do Rego, oficial da Marinha, fora um dos mais activos defensores do governo contra a revolta de Sidónio Pais.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quarta-feira, 23 de Janeiro de 1918
Libertação de presos por questões sociais.

O decreto n.º 3760 concede liberdade a indivíduos presos por questões sociais, por delitos que não resultassem de actos voluntários, previstos e punidos pelo Código Penal. Esta tinha sido uma das reivindicações dos operários e dos trabalhalhadores organizados na altura em que o golpe sidonista ainda estava a decorrer.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Terça-feira, 8 de Janeiro de 1918
Penas disciplinares trancadas

Pelo decreto n.º 3733 são mandadas trancar penas disciplinares aplicadas a militares desde 14 de Maio de 1915 (revolução democrática) até Dezembro de 1917. Ou seja, as penas daqueles que haviam conspirado contra o Partido Democrático.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quarta-feira, 9 de Janeiro de 1918
Medidas repressivas

A portaria n.º 1199 determina a dissolução de centros políticos que tenham exorbitado dos seus fins legais e a suspensão de publicações periódicas que perturbem a segurança pública. Estas medidas destinam-se a afastar e silenciar os inimigos políticos do sidonismo, nomeadamente os democráticos.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Terça-feira, 15 de Janeiro de 1918
Bernardino Machado em Paris

Bernardino Machado, destituído do cargo de Presidente da República, abandona o país e fixa residência em Paris. Aí, não deixaria de protestar contra a situação política de Portugal, contra o sidonismo.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quarta-feira, 23 de Janeiro de 1918
Beatificação de Nuno Álvares Pereira

O Papa Bento XV beatifica Nuno Álvares Pereira.

Ano: 1918 Tema: Religiões
Sábado, 19 de Janeiro de 1917
Reivindicações da União Operária Nacional

Foi solicitada, pela Central dos Sindicatos, uma audiência a Sidónio Pais. Decorrida uma semana, José Montez, afirmando-se delegado oficioso do governo, pede uma reunião com a Comissão Administrativa da União Operária Nacional (UON), para estudar as reclamações apresentadas pela UON. José Montez declarou que, juntamente com Jorge Nunes, tinha sido incumbido pelo governo para estudar as ditas reclamações. Prometeu voltar, mas não o fez.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Domingo, 20 de Janeiro de 1918
Eleições do Conselho Superior do Trabalho

Eleições do Conselho Superior do Trabalho, realizando-se o sufrágio em Lisboa, Guimarães, Beja, Évora, Faro, Seixal, Porto, Póvoa do Varzim, Santarém, Portalegre e Guarda. O Conselho Superior do Trabalho, com sede em Lisboa, contaria com 6 vogais oriundos das classes trabalhadoras, dois de Lisboa, dois do Porto e dois do resto do país. Os organismos de representação das classes trabalhadoras que entendessem participar deviam reunir em assembleia para nomear um delegado para a eleição dos vogais. Cada associação transmitiria ainda a identificação do delegado escolhido à União Operária Nacional (UON) e esta, logo que fixada a data para as eleições, faria reuniões preparatórias em Lisboa e no Porto, com os representantes das diversas associações. Os delegados operários recusaram tomar posse pois não tinha sido adoptado o alvitre da UON que defendia a revogabilidade dos mandatos. O Conselho Superior do Trabalho ficou assim incompleto, não chegando a funcionar. Só em 1919 viria a ser atendida esta reclamação operária.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Quarta-feira, 30 de Janeiro de 1918
Reivindicações operárias

São enviadas para o gabinete do Presidente do Ministério (Sidónio Pais) novas cópias das reclamações operárias. A União Operária Nacional tinha sido procurada por um oficial superior de marinha que, apresentando-se como chefe do gabinete do Presidente do Ministério, pediu desculpa por não ter sido dada resposta ás reivindicações apresentadas, explicando que a cópia se tinha extraviado.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Terça-feira, 22 de Janeiro de 1918
Tifo no Porto

Verifica-se um surto de febre tifóide no Porto. Esta doença de miséria não era pouco comum em Portugal; as difíceis condições no contexto da guerra, nomeadamente as carências de géneros alimentícios e a fome, fragilizariam ainda mais a população.

Ano: 1918 Tema: Saúde
Sábado, 12 de Janeiro de 1918
Viagem ao norte

Em Janeiro de 1918, procurando "tactear a opinião pública", Sidónio Pais visita o Norte do país, nomeadamente as cidades do Porto, Braga, Coimbra, Guimarães e Viana do Castelo. Por todo o lado, é recebido calorosamente.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Domingo, 6 de Janeiro de 1918
Revolta na Marinha

Estala uma revolta contra o poder dezembrista no quartel de Alcântara e, no dia seguinte, a bordo do "Vasco da Gama", protagonizada por marinheiros, que, de modo geral, tinham ligações privilegiadas com os democráticos. O navio sai da doca seca e posiciona-se frente ao Terreiro do Paço. O governo prepara a sua defesa, colocando artilharia em pontos estratégicos como Monsanto e o castelo de S. Jorge, dirigindo Sidónio Pais pessoalmente a artilharia do Castelo. O governo consegue assim facilmente sufocar esta revolta.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Terça-feira, 15 de Janeiro de 1918
Segundo contingente do CAPI

O segundo contingente do Corpo de Artilharia Independente, sob o comando do tenente coronel Tristão da Câmara Pestana, chega a França, onde ficará subordinado ao comando francês.

Ano: 1918 Tema: Conflitos bélicos e activ.mil.
Domingo, 17 de Fevereiro de 1918
Discurso de Beja

Nos Paços do Concelho de Beja, Sidónio Pais faz um discurso em que aborda a questão da ordem pública e a política. Para o Presidente da República era igualmente fundamental a criação de um "Partido Nacional". Posição divergente tinha a União Operária Nacional que, pelo contrário, defendia que a questão central do momento era de natureza económica e, em especial, a "questão das subsistências".

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Quinta-feira, 14 de Fevereiro de 1918
Visita de Sidónio Pais ao sul de Portugal

Depois de ter visitado o Norte do país, em Janeiro de 1918, Sidónio Pais desloca-se ao Alentejo e Algarve. Esteve presente em Évora, Faro, Loulé, Silves, Olhão, S. Brás de Alportel, Vila Nova de Portimão e Beja. Foi recebido pela elite local situacionista e, à semelhança do que já acontecera no norte, repetiram-se os "banhos de multidão". Para o sidonismo, estes acontecimentos representavam a aclamação do Presidente da República e da nova situação política.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 1918
Questão das subsistências

A Comissão contra a carestia de vida apresenta ao Conselho Central da União Operária Nacional o seu parecer sobre a questão das subsistências.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Fevereiro de 1918
Entrevista de representantes operários com o Ministro do Interior

Entrevista do secretário geral da União dos Sindicatos Operários de Lisboa com o Ministro do Interior, Machado Santos. Trataram da questão da falada suspensão da lei da greve, projecto a que se opunham os operários.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Quinta-feira, 14 de Fevereiro de 1918
Apoio do Partido Centrista

Na inauguração de um centro político em Lisboa, o Partido Centrista, dirigido por Egas Moniz, reafirma o seu apoio ao sidonismo.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 18 de Fevereiro de 1918
Libertação de presos por questões sociais

Pelo decreto n.º 3847 são libertados presos por questões sociais. Esta tinha sido uma das principais reivindicações feitas pelos operários que tinham lutado ao lado de Sidónio Pais na Rotunda e no Parque Eduardo VII.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Sábado, 23 de Fevereiro de 1918
Revisão da Lei de Separação do Estado das Igrejas

O decreto n.º 3856, modifica e revoga diversas disposições da Lei de Separação. Encarando o problema religioso e aferindo das qualidades e defeitos da lei, pretende rever preceitos "violentos" e "atentatórios da liberdade de consciência e pensamento". Tratava-se, portanto, de uma tentativa de apaziguamento das relações com a Igreja. Algumas medidas emblemáticas deste diploma foram a revogação e modificação dos organismos encarregues do culto (cultuais), a diminuição do tributo a pagar, a entrega dos templos e objectos necessários à exteriorização do culto, o fim do beneplácito e a permissão do uso das vestes talares.

Ano: 1918 Tema: Religiões
Terça-feira, 19 de Fevereiro de 1918
Exposição de José de Castro

José de Castro dirige a Sidónio Pais uma exposição datada de 19 de Fevereiro em que denunciava a falta de liberdades, incidindo especialmente sobre a questão dos presos políticos.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 2 de Fevereiro de 1918
Pedido de exoneração do comandante interino do CEP

O tenente coronel Ferreira Martins, comandante interino do Corpo Expedicionário Português, pede a exoneração.

Ano: 1918 Tema: Conflitos bélicos e activ.mil.
Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 1918
Reivindicações operárias

A Comissão Administrativa da União Operária Nacional resolve enviar um novo ofício pedindo uma audiência a Sidónio Pais, visto a não ter obtido resposta à sua anterior exposição sobre as reivindicações operárias.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Domingo, 24 de Fevereiro de 1918
Visita a tifosos

Sidónio Pais visita hospitais do Porto, onde se encontram internados doentes com tifo. Estas visitas foram fotografadas e publicitadas, surgindo o Presidente da República debruçado sobre os tifosos. Estas imagens foram uma das muitas peças da construção do "mito" de Sidónio Pais, aqui surgindo como o homem interessado no seu semelhante, não temendo a doença ou o contágio.

Ano: 1918 Tema: Saúde
Quarta-feira, 13 de Março de 1918
Fim do Museu Português da Grande Guerra

O decreto n.º 3920 anula o decreto que criou o Museu Português da Grande Guerra. O espólio passa para o Museu de Artilharia. A criação deste Museu foi uma iniciativa dos políticos que defendiam a entrada de Portugal no conflito, muito especialmente os democráticos. O sidonismo anula uma importante medida simbólica do "partido guerrista".

Ano: 1918 Tema: Cultura
Sábado, 9 de Março de 1918
Criação do Ministério da Agricultura e o das Subsistências e Transportes

O decreto n.º 3902 cria o Ministério da Agricultura e o das Subsistências e Transportes. A criação do Ministério da Agricultura era uma velha reclamação das associações e dos grandes agricultures. O Ministério das Subsistências e Transportes foi criado para tentar dar resposta à questão dos abastecimentos e da falta de géneros alimentares. Durante a guerra, várias foram as tentativas institucionais para criar um organismo de coordenação para esta questão.

Ano: 1918 Tema: Vida Política/Actividades Económicas
Terça-feira, 5 de Março de 1918
Audiência da UON com o Presidente da República

Os delegados da União Operária Nacional são recebidos por Sidónio Pais. Os representantes dos trabalhadores são Eduardo de Freitas, Joaquim da Silva, Nogueira Lopes, José Maria Gonçalves, Sousa Neves, Pinto Quartim e Alexandre Vieira. Forbes Bessa, secretário da Presidência, diz-lhes que o ministro não os pode receber, mas perante a insistência dos delegados vai falar com Sidónio Pais. Este responde que abriria uma excepção mas não podia receber os delegados como representantes da UON, mas apenas como delegados das associações operárias.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Terça-feira, 19 de Março de 1918
Autonomização dos serviços da Polícia Preventiva

O Decreto n.º 3940, separa dos serviços da Polícia Preventiva, os da Polícia de Investigação. A Polícia Preventiva passa assim a ter autonomia.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 30 de Março de 1918
Lei eleitoral

É publicado o Decreto n.º 3997, a lei eleitoral, também conhecida como "Constituição de 1918", tendo um cariz presidencialista. "No presente decreto com força de lei mais uma vez se mostra o Governo fiel aos seus princípios de reformar os costumes políticos, restaurando a legitimidade da representação pelo alargamento e especialização do voto." Consideram que "Sem sufrágio universal não pode haver democracia (...)" mas ele não basta para "(...) assegurar a genuína representação dos interesses diferenciados do agregado nacional.". Na linha do que já tinha defendido Oliveira Martins, este decreto introduz "(...) princípios novos de representação regional e profissional no Senado (...)". A Câmara alta é, assim, parcialmente "corporativa", com delegados das classes e representantes dos interesses sociais. "Em obediência ao mesmo princípio de sufrágio universal e para obter a mais definitiva sanção legal ao acto revolucionário de 5 de Dezembro a que todas as classes sociais deram já o seu aplauso, o Governo entende dever submeter ao sufrágio popular a eleição do Supremo Magistrado da Nação." O Governo atribui ainda ao Executivo competências que considera imprenscindíveis e que não estavam consignadas na Constituição de 1911, que as cometia ao Congresso. O Presidente da República, pelo Art.º 122.º "(...) é o chefe da força armada de terra e do mar, competindo-lhe privativamente emprega-la conforme for conveniente à segurança interna e defesa externa da nação"; e pelo Art.º 123, compete-lhe "(...) nomear e demitir os seus Ministros ou Secretários de Estado." Os deputados seriam em número 150 e os senadores 77, sendo 28 representantes de categorias profissionais.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quarta-feira, 6 de Março de 1918
Autonomia administrativa da Academia de Ciências de Lisboa

O decreto n.º 3887 concede autonomia administrativa à Academia das Ciências de Lisboa.

Ano: 1918 Tema: Cultura
Domingo, 17 de Março de 1918
Publicação do manifesto da Junta de Salvação Pública

É publicado em primeira mão pelo jornal sidonista A Vanguarda (dirigido por Pedro Muralha) o manifesto da Junta de Salvação Nacional. Este texto, publicado em vários jornais da capital, punha em causa a liberdade de imprensa e era um violento ataque ao Partido Democrático de Afonso Costa. O manifesto não tem assinatura. Foram distribuídos exemplares do mesmo em Lisboa e outras localidades, no qual se afirmou que a Junta tinha sido constituída sob os auspícios do Presidente, Sidónio Pais.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 30 de Março de 1918
Afonso Costa é posto em liberdade.

Afonso Costa é posto em liberdade.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Domingo, 10 de Março de 1918
Política eleitoral monárquica

A decisão oficial dos monárquicos, respeitante à política eleitoral a adoptar, foi tomada numa reunião magna convocada pela Comissão Eleitoral. A moção aprovada, da autoria de D. Luís de Castro, relembra a necessidade de agirem em coerência com as instruções de D. Manuel e abster-se de intentos conspiratórios. Decidem ter como parâmetros de actuação a liberdade de voto para a eleição presidencial e a disputa das minorias nas eleições para as duas Câmaras.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 30 de Março de 1918
Reunião de candidatos governamentais

Depois de elaborada a lista de candidatos sidonistas ao Parlamento, realiza-se no Governo Civil de Lisboa, sob a presidência de Xavier Esteves, uma reunião em que se intenta garantir que todos os candidatos votariam favoravelmente uma Constituição presidencialista.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Domingo, 10 de Março de 1918
Elogio de Afonso Costa

Artigo de Teófilo Braga "Com lugar na História" publicado in "A Montanha". Celebrava-se o aniversário de Afonso Costa com um artigo encomiástico.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 4 de Março de 1918
Discurso de Santarém

De visita a Santarém, Sidónio Pais fez um importante discurso no qual discorda da prioridade dada à questão económica. Para o Presidente a "revolução política" é a prioridade.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 11 de Março de 1918
Estabelecimento do sufrágio universal

É promulgado o decreto n.º 3907, que estabelece o sufrágio universal. Neste se afirma que o presente decreto realiza a aspiração do antigo Partido Republicano Português, expressa no programa de 1891. O Governo confia que o sufrágio universal o irá fortalecer interna e externamente. Serão eleitores todos os cidadãos portugueses, do sexo masculino, maiores de 21 anos, no gozo dos seus direitos civis e políticos e que residam em território nacional há mais de 6 meses.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sexta-feira, 22 de Março de 1918
Rendição do Corpo Expedicionário Português

O Decreto n.º 3959 determina as condições para a rendição dos militares do CEP.

Ano: 1918 Tema: Conflitos bélicos e activ.mil.
Quarta-feira, 27 de Março de 1918
Habitações populares

O decreto n.º 3976 autoriza a Comissão Administrativa da Câmara Municipal do Porto a contrair um empréstimo para a construção de habitações populares.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 30 de Março de 1918
Reaparece "O Mundo"

É novamente dado à estampa o jornal "O Mundo", órgão do Partido Democrático.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 2 de Março de 1918
Sidónio Pais assiste à missa na Sé de Lisboa

Sidónio Pais assiste à missa na Sé de Lisboa, contrariando a posição assumida pelos anteriores Presidentes e responsáveis políticos. Este acto não pode deixar de ser lido como parte de um processo de reconcialiação entre o Estado e a Igreja.

Ano: 1918 Tema: Vida Política/Questão Religiosa
Domingo, 3 de Março de 1918
Saída dos unionistas do Governo

Os Ministros unionistas abandonam o gabinete de Sidónio Pais em desacordo com a linha política seguida e, especialmente, com a forma de eleição do Presidente da República por sufrágio directo. O governo foi remodelado, continuando Sidónio Pais com a Presidência, Guerra e Estrangeiros, entrando Henrique Forbes de Bessa para o Interior; Martinho Nobre de Melo para a Justiça; José Carlos da Maia para a Marinha; nas Finanças, Xavier Esteves; no Comércio, Pinto Osório; nas Colónias, Tamagnini Barbosa; na Instrução, Alfredo de Magalhães, no trabalho, Feliciano da Costa, nas Subsitências e Transportes, Machado Santos e na Agricultura, Fernandes de Oliveira. É importante referir que Martinho Nobre de Melo não era republicano, estando perto do Integralismo Lusitano. Esta crise, que dura até 7 de Março, provoca também dissidências no seio do Partido Unionista.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quinta-feira, 28 de Março de 1918
Abertura política

O sidonismo autoriza a publicação de jornais e a reabertura de centros políticos. Esta abertura será efémera.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 4 de Março de 1918
Greve dos empregados do comércio

Greve dos caixeiros em Lisboa. Sidónio Pais passeia-se pelas ruas de Lisboa para averiguar da extensão da greve.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Sexta-feira, 8 de Março de 1918
Apreciação da reunião com o Presidente da República

O Conselho Central da União Operária Nacional reúne para ouvir relato da entrevista com Sidónio Pais. Foi decidido o lançamento do manifesto "Uma exortação da UON a todos os assalariados", que desenhava o plano de trabalhos para os tempos mais próximos.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Sexta-feira, 22 de Março de 1918
Guarnição de Lisboa

É publicado o decreto n.º 3960 que determina a constituição do Corpo de Tropas da Guarnição de Lisboa. Este foi considerado uma espécie de guarda pretoriana do sidonismo, sendo uma forma de garantir o controlo da capital, palco político por excelência.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quarta-feira, 6 de Março de 1918
Autonomia administrativa da Biblioteca Nacional

Pelo decreto n.º 3886 é concedida autonomia administrativa à Biblioteca Nacional de Lisboa.

Ano: 1918 Tema: Cultura
Sábado, 13 de Abril de 1918
Manifesto de João Chagas

Manifesto de João Chagas, sobre a situação em Portugal, publicado em "O Mundo" e fazendo duras críticas ao sidonismo.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quarta-feira, 3 de Abril de 1918
Sopas económicas

É publicado o decreto n.º 4031, da Presidência do Ministério, instituindo as "sopas económicas". A ideia de (re)criar as "sopas económicas" partiu de Sidónio Pais, em Abril de 1918. O governo concedeu um subsídio mensal, mas era imperioso o recurso a privados - e à sua boa vontade - para obter o resto do financiamento. Estas eram administradas pela comissão da Obra de Assistência 5 de Dezembro, composta por 7 membros, homens fiéis ao Presidente. Entre o princípio de Abril e o final de Setembro de 1918, inaugurou 31 cozinhas económicas em Lisboa.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Domingo, 14 de Abril de 1918
Congresso da Indústria da Construção Civil

Reúne-se o Congresso da Construção Civil, que durará até 17 de Abril.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Terça-feira, 9 de Abril de 1918
Reacção da organização operária sindical à Lei eleitoral

O Conselho Central da União Operária Nacional vota um parecer sobre o decreto eleitoral (que consignava a representação das associações operárias no Senado da República). A UON rejeita a representação no Senado. Os sindicalistas não pretendem participar nem no jogo eleitoral nem na política partidária.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Início de Abril de 1918
Tentativa de acordo para fins eleitorais entre católicos e monárquicos

Com a proximidade das eleições, os católicos organizados reúnem-se com monárquicos, para tentar encontrar as bases para um acordo eleitoral. Os primeiros pretendiam onze candidatos contra um oferecido. Os católicos rejeitam a oferta e vão aliar-se ao governo, acabando por conseguir colocar 5 candidatos.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Terça-feira, 9 de Abril de 1918
Desastre de "La Lys"

Vigorosa ofensiva alemã no sector português que desarticula o Corpo Expedicionário Português (CEP). As baixas cifram-se em mais de 7.000 homens, entre soldados e oficias. O ataque tem lugar na madrugada de 9 de Abril, quando as tropas portuguesas da 2.ª Divisão do CEP estavam para retirar da frente, depois de longos meses sem serem rendidas (bastante mais do que era recomendado), devendo ser substituídos por militares britânicos. O 6.º Exército alemão, sob o comando do general Von Quast, lança nove divisões entre La Bassée e Armentières, cujas posições estavam defendidas por três divisões inglesas e uma portuguesa (integrada no 1.º Exército britânico, chefiado pelo general Horne). Esta ofensiva na Flandres surpreendeu a divisão portuguesa, abrindo uma brecha na frente inglesa, permitindo aos alemães avançar para o centro do dispositivo, ultrapassando Laventie e atingindo La Lys entre Estaires e Sailly. Com a madrugada inicia-se o bombardeamento alemão que se transformou em fogo contínuo. Ao princípio da manhã verifica-se o assalto feito pelas tropas alemãs. São capturados cerca de seis mil portugueses da segunda divisão e quase 100 peças de artilharia. As tropas alemãs avançam também noutras direcções.

Ano: 1918 Tema: Conflitos bélicos e activ.mil.
Domingo, 14 de Abril de 1918
Restabelecimento da censura

O Decreto n.º 4082 restabelece a censura preventiva.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Domingo, 28 de Abril de 1918
Eleições Presidenciais e Legislativas

Eleições para o Presidente da República, Deputados e Senadores. Verificou-se o boicote dos partidos Democrático, Evolucionista e Unionista. Sidónio Pais foi eleito Presidente da República. Nas eleições legislativas, a vitória coube ao Partido Nacional Republicano, o partido de Sidónio Pais.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quarta-feira, 3 de Abril de 1918
Tentativa de entendimento com União Republicana

Machado Santos, em reunião com José Montez, tenta uma plataforma de entendimento entre a União Republicana e o governo, depois da saída dos ministros unionistas por discordarem dos decretos de Março, com a instituição do sufrágio universal e a denominada "Constituição de 1918".

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 6 de Abril de 1918
Reorganização do Corpo Expedicionário Português

O CEP é reorganizado deixando de existir. A 2.ª divisão, reforçada, continuaria no sector português enquanto que a 1.ª era enviada para a reserva. A 2.ª divisão ficaria subordinada ao exército britânico.

Ano: 1918 Tema: Conflitos bélicos e activ.mil.
Quinta-feira, 25 de Abril de 1918
Bairros sociais

O sidonismo promulga o decreto n.º 4137, que pretende estabelecer um projecto de construção de casas económicas. Uma das ideias base que preside a este esboço de uma política social é a de higienizar e moralizar a vida dos trabalhadores. A ideia da construção de bairros económicos será retomada na "Nova República Velha".

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 6 de Abril de 1918
Congresso Unionista

O Terceiro Congresso Ordinário Unionista reúne-se no Teatro S. Carlos, em Lisboa. A ordem dos trabalhos tinha dois pontos principais: a atitude política do partido e a eleição dos corpos dirigentes. Este congresso confirmou o afastamento face ao sidonismo.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 29 de Abril de 1918
Reforma dos serviços policiais

O decreto n.º 4166 faz a reforma dos serviços policiais. Os serviços policiais e de segurança ficam subordinados a uma direcção autónoma denominada Direcção Geral de Segurança Pública, funcionando no Ministério do Interior. Para além da Polícia de Segurança, da Polícia de Investigação, da Polícia Administrativa, da Polícia de Emigração e da Municipal, o sidonismo autonomiza a Polícia Preventiva. Esta é formada por agentes "(...) indivíduos de ambos os sexos e de todas as classes sociais e constantes dum registo secreto, não tendo outras atribuições senão as de vigilância e informação" contra alegados crimes políticos ou sociais - estruturando-se assim uma verdadeira polícia política.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Domingo, 12 de Maio de 1918
Desarticulação de um "complot" no Porto.

As autoridades policiais sidonistas desarticulam um alegado "complot" anti-sidonista no Porto, com ramificações no norte do País. Na cidade invicta, o sidonismo contava com Sollari Allegro à frente dos serviços policiais, tido como muito eficiente na desarticulação de conjuras e que mais tarde serviria no Estado Novo.

Ano: 1918 Tema: Violência (política)
Maio de 1918
Manifesto da UON

É dado à estampa o manifesto "O que se tem feito. O que é mester fazer. Uma exortação da UON a todos os assalariados". Neste, a central de sindicatos aconselha o operariado a lançar-se num movimento geral, apelando ainda aos sindicatos para que, mesmo com sacrifício da sua classe, darem preferência e solidariedade ao movimento nacional.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Sexta-feira, 17 de Maio de 1918
Reconhecimento formal do Chefe de Estado

A Inglaterra, França, Espanha, EUA, Brasil, Argentina, Uruguai, Noruega, Holanda, Bélgica, Cuba e China reconhecem o novo chefe de Estado. Ainda neste mês, a Inglaterra eleva a sua representação em Portugal para embaixada.

Ano: 1918 Tema: Relações Internacionais
Quinta-feira, 9 de Maio de 1918
Proclamação de Sidónio Pais como Presidente da República

É decretado feriado nacional. O Presidente da República é proclamado e assume funções. O discurso de proclamação é feito na Câmara Municipal de Lisboa, na mítica varanda do 5 de Outubro e do 14 de Maio de 1915. Uma das primeiras medidas foi a concessão de uma ampla amnistia, pelo decreto n.º 4223. Sidónio Pais teria sido eleito com cerca de 510 mil votos. Verificou-se uma maior abstenção na eleição para o Congresso. Parte da celebração passou por uma parada militar que decorreu entre os Restauradores e o Campo Pequeno.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quinta-feira, 16 de Maio de 1918
Reconhecimento internacional

O regime é reconhecido pelos principais países, nomeadamente pela Inglaterra, França, Espanha, Itália, Bélgica, América do Norte, Argentina, Brasil, Uruguai, Cuba, Noruega, Holanda e China. Trata-se de uma importante vitória diplomática do sidonismo, que conseguiu que fossem ultrapassadas algumas reticências iniciais, já que, os aliados da "Entente" temiam as mudanças de regime nos países beligerantes.

Ano: 1918 Tema: Relações Internacionais
Quarta-feira, 15 de Maio de 1918
Remodelação do Ministério

Segunda remodelação do Ministério. Esta não se esgotaria na alteração dos titulares das pastas. Os Ministérios passam a denomianar-se Secretarias de Estado, deixando de existir a figura do Presidente do Ministério. A direcção do mesmo estava agora concentrada nas mãos do Presidente da República, Sidónio Pais.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 18 de Maio de 1918
Viagem de Sidónio Pais ao Porto

Sidónio Pais visita novamente o Porto, quando grassava uma epidemia de tifo exantemático. Visitou as "ilhas", bairros operários e asilos, fundou, ainda a assistência 5 de Dezembro no Porto. Esta viagem ficou, ainda marcada pela libertação de presos políticos, feita por Sidónio Pais, considerada por uns um acto de generosidade, por outros uma pura arbitrariedade do poder.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Início de Maio de 1918
Criação do Centro Federal Mocidade Republicana

De inspiração democrática, o Centro Federal Mocidade Republicana visa combater a influência dos "novos" do sidonismo, muitos dos quais se contavam entre os mais aguerridos defensores do regime.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 27 de Maio de 1918
Parada operária

Realiza-se uma parada operária convocada pela União de Sindicatos Operários de Lisboa (manipuladores de tabaco e outras classes a "convite"da UON). Verificam-se conflitos com a polícia que formava cordões para impedir a sua entrada no Terreiro do Paço.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Sábado, 25 de Maio de 1918
Aumento das tarifas dos eléctricos

O aumento das tarifas dos carros eléctricos em Lisboa gera um violento movimento de protesto.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Sexta-feira, 21 de Junho de 1918
Manifestação em honra da Machado Santos.

Depois da saída do "fundador da República" do executivo sidonista, realiza-se uma manifestação de apoio a Machado Santos que pretendia conferir força política ao homenageado.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Terça-feira, 4 de Junho de 1918
Greve dos ferroviários

Os ferroviários lançam-se num movimento grevista, discordando do novo regulamento emanado da Secretaria de Estado dos Abastecimentos. Os ferroviários pedem suspensão do decreto n.º 4206 e demissão de Cunha Leal, Sérgio Príncipe e Demosthenes d’Oliveira. O governo, em nota oficiosa sobre a greve ferroviária, afirma que não se prenderam ferroviários e as suas reclamações estariam em estudo. O executivo tinha informações policiais sobre tentativas de perturbações na tarde de 4 e na manhã de 5 que tinham sido "prontamente sufocadas".

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Junho de 1918
Saída do gabinete de Xavier Esteves e Machado Santos

Xavier Esteves e Machado Santos abandonam o executivo sidonista. São substituídos por Mendes do Amaral e Fernandes de Oliveira. A questão prende-se com o escândalo da compra das 33.500 acções da companhia dos caminhos de ferro. Xavier Esteves, alvo de críticas a propósito do preço estabelecido pelo Estado, por sua determinação, decide a aquisição de um lote de acções dos caminhos de ferro. Machado Santos, com o concurso de Cunha Leal, pretendia submeter as empresas ferroviárias a uma disciplina mais eficaz, reorganizando os serviços estatais de fiscalização, tendo, por isso, uma viva oposição da administração da CP. Machado Santos tem a ideia de prender os administradores da CP, até que Cunha Leal restabelecesse a normalidade ferroviária. Os administradores, avisados do que ia acontecer, dirigem-se ao Presidente. Muito ligados ao unionismo, e apesar dos homens de Brito Camacho estarem já em rota de colisão com o sidonismo, Sidónio Pais desautoriza Machado Santos, o que acarreta a sua demissão.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quinta-feira, 27 de Junho de 1918
Sidónio Pais recebe enviado papal

Sidónio Pais, num clima de descompressão nas relações entre o Estado e a Igreja Católica, recebe o enviado papal, Monsenhor Ragonesi. Francesco Ragonesi (1850-1931) era o núncio apostólico de Espanha. Em 1904 fora nomeado Arcebispo titular de Myra e delegado apostólico na Colombia. Ainda em 1904 é ordenado Bispo (Arcebispo Titular de Myra). Em 1913 é nomeado Núncio Apostólico em Espanha, em 1921 recebe o barrete cardinalício e em 1926 é nomeado Perfeito no Supremum Tribunal Signaturae Apostolicae.

Ano: 1918 Tema: Religiões/Vida Política
Segunda-feira, 15 de Julho de 1918
Publicado no Diário do Governo o Orçamento para 1918-1919

É publicado no Diário do Governo o Orçamento para 1918-1919 e, ao contrário do que acontecia com os governos republicanos, não foi discutido no Parlamento.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sexta-feira, 19 de Julho de 1918
A mulher portuguesa passa a poder desempenhar várias funções públicas

O sidonismo, pelo decreto n.º 4676, permite à mulher portuguesa o desempenho de várias funções públicas, reconhecendo que ainda não podem acompanhar as "adiantadas sociedades anglo-saxónicas" na concessão de voto.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quarta-feira, 10 de Julho de 1918
Restabelecimento da Legação na Santa Sé

Continuando uma política de aproximação entre o Estado Português e a Igreja Católica, é restabelecida a Legação de Portugal junto da Santa Sé.

Ano: 1918 Tema: Religiões/Vida Política
15 e 22 de Julho de 1918
Abertura do parlamento

A Junta preparatória da Câmara dos Deputados reúne a dia 15. A primeira reunião do parlamento e sessão solene do Congresso, que contou com um discurso de Sidónio Pais, realizou-se dia 22. Este discurso é comparado ao antigo discurso da Coroa. Verificou-se um incidente bastante significativo, quando soaram as primeiras notas do hino nacional já que os monárquicos não se levantaram. Monsenhor Rogonesi, núncio apostólico em Madrid, foi convidado para a sessão solene de abertura.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quinta-feira, 25 de Julho de 1918
Engarregado de Negócios da Santa Sé em Lisboa

Monsenhor Aloísio Mazella assume as funções de Encarregado de Negócios da Santa Sé em Lisboa.

Ano: 1918 Tema: Religiões/Relações Internacionais
Julho de 1918
Jornais "Norte" e "A Montanha"

É levatada a questão da apreensão e assalto dos jornais "Norte" e "A Montanha", do Porto. Segundo Cunha Leal , a destruição foi feita pelos ultras do sidonismo.

Ano: 1918 Tema: Violência (política)
Quinta-feira, 18 de Julho de 1918
Criação da Cruzada Nuno Álvares Pereira

Criação da Cruzada Nuno Álvares Pereira. A sua instituição foi uma tentativa para criar uma plataforma de convergência na direita portuguesa. "João Afonso de Miranda, admirador e seguidor de Sidónio, convocou em Julho de 1918 os representantes de diversos partidos e grupos conservadores para discutir com eles a possibilidade de fundar um organismo que fosse um defensor das «virtudes tradicionais do Santo Condestável» e das «características que fizeram a grandeza da raça»." (TELO, António José, "Decadência e Queda da I República Portuguesa"). A cruzada foi fundada com o apoio das organizações conservadoras.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 1 de Julho de 1918
Combate de Nhamacurra, Moçambique

As tropas alemãs, que penetraram no interior do território de Moçambique, chegam a 40 Km de Quelimane e atacam o depósito de uma grande companhia açucareira. Trava-se combates entre estes e forças anglo-portuguesas.

Ano: 1918 Tema: Conflitos bélicos e activ.mil.
Quinta-feira, 18 de Julho de 1918
Fiscalização dos abastecimentos

Jorge Botelho Moniz, saído da Presidência para inspector da fiscalização dos abastecimentos, iniciou os "varejos", com uma nota anti-plutocrática. Convidou a UON a enviar uma comissão por forma a determinar cooperação entre eles. A central de sindicatos emite uma nota para a imprensa sobre as recentes acções do governo, em que, apoiando a atitude do governo nesta conjuntura, não deixa, no entanto, de prosseguir o seu movimento contra a carestia de vida.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quarta-feira, 28 de Agosto de 1918
I Guerra Mundial em Moçambique

Os alemães retiram dos territórios compreendidos entre o Lúri e o Rovuma (onde se encontrava estabelecida a companhia do Niassa) atravessando outra vez este rio. A sua ocupação, desde o início da I Guerra, deu origem a várias destruições e a significativas baixas humanas. Durante algum tempo, o general von Lettow-Verbeck, que escapara do Tanganica à frente de 2000 homens, sustenta em Moçambique uma guerra de guerrilha.

Ano: 1918 Tema: Conflitos bélicos e activ.mil.
Domingo, 25 de Agosto de 1918
Novo comandante do Corpo Expedicionário Português

O general Garcia Rosado, nomeado em Julho deste ano, assume o comando do CEP em França. Substitui o general Tamagnini de Abreu.

Ano: 1918 Tema: Conflitos bélicos e activ.mil.
Sábado, 31 de Agosto de 1918
Morre António Barroso

Morre António Barroso, bispo da diocese do Porto.

Ano: 1918 Tema: Religiões
Quarta-feira, 7 de Agosto de 1918
Manifesto do Partido Republicano

O Partido Republicano Português publica um manifesto sobre matéria de ordem política, financeira, económica e internacional, pretendendo constituir uma base do acordo entre os partidos constitucionais para defesa da República e para a organização da resistência republicana. Embora elaborado pelo Directório do Partido Republicano Português, recolheu o apoio do evolucionismo e do unionismo. João Chagas, no seu "Diário", relata a conversa com Leote do Rego que lhe diz que Álvaro de Castro dirige o empreendimento de tentar derrubar Sidónio Pais. O manifesto representa o compromisso de todos os republicanos de todos os matizes, porque membros de todas as colectividades políticas o assinaram. Programa adoptado: "Constituição de 1911 com o princípio de dissolução que deverá ser imediatamente aplicado (…). Continuação da nossa política internacional ao lado de Inglaterra e dos aliados, como penhor dos nossos direitos como nação livre e independente e da integridade do nosso império colonial; eleições políticas e administrativas dentro do mais curto prazo; entrega de todos os cargos de confiança, civis ou militares, a cidadãos honestos e competentes que sejam republicanos; abolição de todas as leis de excepção, especialmente as que restrinjam a liberdade de pensamento, de reunião, de associação; amnistia para todos os crimes de natureza política ou social, ou delas derivados, não se compreendendo neste número os atentados contra a vida, contra a liberdade ou propriedade dos cidadãos." Trata de "O problema religioso": pleno período de "reacção clerical". Questão aberta à discussão devendo, contudo, ser mantida orientação liberal já conquistada. De Outubro de 1918 a Janeiro de 1919 e segundo Álvaro de Castro assistiu-se ao agremiar todos os elementos de resistência, ao conjugar de forças dos partidos constitucionais. Diz: "(…) nós tínhamos organizado todos os elementos de resistência republicana dos 3 partidos constitucionais e tínhamos conseguido tirar à ditadura todos os elementos valiosos que ela, porventura, ainda contava para atacar a República, juntamente com os monárquicos."

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sexta-feira, 13 de Setembro de 1918
Proibição dos comícios

O Governo sidonista instruiu os governos civis para que não permitam os comícios por "saber" que se dariam alterações da ordem pública. Temia-se uma acção concertada entre os operários organizados e os partidos republicanos, muito especialmente o Partido Democrático.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Terça-feira, 17 de Setembro de 1918
Críticas à política de guerra sidonista

Paulo Osório publica, em Paris, uma brochura intitulada "Portugal e a Guerra", com severas críticas e acusações contra a política de Sidónio Pais.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 30 de Setembro de 1918
Preparação da Greve Geral

Reunem-se várias organizações operárias para preparar a greve geral. Estão presentes a Federação da Indústria, a União de Sindicatos Operários de Lisboa e sindicatos dos ramos de indústria não federados mas considerados imprescindíveis. São nomeadas subcomissões para a organização do movimento.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Sábado, 14 de Setembro de 1918
Complot de Almada

Começam a surgir notícias sobre o desmantelamento do "complot" de Almada. Rebentaria a 15, aproveitando, segundo o jornal sidonista "A Situação", o movimento da União Operária Nacional. Estendia-se à Figueira da Foz, Santarém e Porto. Agentes e guardas das duas secções da polícia de investigação prenderam 43 indivíduos em Lisboa, conhecidos como dirigentes do movimento operário (UON e outros), como "medida preventiva".

Ano: 1918 Tema: Violência (política)
Sábado, 28 de Setembro de 1918
Forças militares alemãs retiram de Moçambique

As forças militares alemãs retiram do território moçambicano, atravessando o Rovuma.

Ano: 1918 Tema: Conflitos bélicos e activ.mil.
Terça, feira, 8 de Outubro de 1918
Prisões preventivas

Foram efectuadas várias prisões, já que se previa uma revolução anti-dezembrista que, de facto, estalaria dia 12 deste mês.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 14 de Outubro de 1918
A União Operária Nacional desconvoca a manifestação

Depois da tentativa revolucionária de 12 de Outubro e da instauração do estado de sítio pelo governo sidonista, a UON desconvoca a manifestação agendada. Alguns operários, contudo, reúnem-se em Santos e foram obrigados a dispersar pela polícia. Na noite de 14 ainda há problemas em Évora, tumultos em Lisboa (civis armados no Braço de Prata), Coimbra e Penafiel.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Terça-feira, 8 de Outubro de 1918
Tomada de posição da União Operária Nacional

Reunião do Conselho Central da UON face à notícia do jornal "A Situação", onde se afirma que o Presidente da República não pode receber a UON por esta não ser legal. Marcou-se para 14 de Outubro uma marcha a Belém. Seria desconvocada na sequência do "12 de Outubro", uma tentativa de revolta republicana.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Quarta-feira, 16 de Outubro de 1918
Leva da Morte

Uma transferência de presos, encarcerados na sequência da revolta de 12 de Outubro, do Governo Civil para Caxias e S. Julião da Barra degenerou num tiroteio. Contaram-se 6 mortos (entre os quais o Visconde da Ribeira Brava) e vários feridos. Correram versões contraditórias do episódio, sendo para uns uma manobra gorada de libertação dos presos e, para outros, uma encenação destinada a eliminar algumas figuras gradas do democratismo.

Ano: 1918 Tema: Violência (política)
Sexta-feira, 25 de Outubro de 1918
Morte de Amadeo de Souza-Cardoso

Morre Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918), vítima da pneumónica.

Ano: 1918 Tema: Cultura
Sábado, 12 de Outubro de 1918
Tentativa revolucionária

Tentativa revolucionária em Lisboa, Penafiel, Coimbra, Évora, Porto. Em Coimbra assiste-se à revolta de duas unidades militares e em Évora juntam-se militares e civis procurando dominar os governamentais. Para Coimbra, marcharam forças da Figueira da Foz e para Évora, tropas do sul. Em Lisboa é importante referir a participação de civis na revolta. O Governo declara o estado de sítio pelo decreto n.º 4891. O Presidente da República, Sidónio Pais, assume o comando directo de todas as forças da terra e do mar. No rescaldo desta agitação foram efectuadas várias centenas de prisões, uma verdadeira razia do escol do Partido Democrático. A UON adia a manifestação programada para dia 14. Telegrafam pela 4.ª vez ao Presidente da República lembrando o pedido de audiência feito há um mês.

Ano: 1918 Tema: Violência (política)
Segunda-feira, 14 de Outubro de 1918
Afundamento do "Augusto de Castilho"

O caça minas "Augusto de Castilho" é torpedeado por um submarino alemão. O seu comandante Carvalho de Araújo morre no afundamento.

Ano: 1918 Tema: Conflitos bélicos e activ.mil.
Segunda-feira, 18 de Novembro de 1918
Greve geral convocada pela UON

Depois de esgotadas todas as possibilidades de diálogo e de negociação, a central de sindicatos portugueses, a UON, decide organizar uma greve geral. Uma das questões centrais, decorrentes da conjuntura de guerra era a das subsistências, a que se associavam outras. Foi bem planeada e houve um esforço assinalável de organização. No entanto, o clima de optimismo gerado pelo armistício, as acções preventivas do governo e as divergências no seio do campo operário explicam a falta de sucesso desta greve.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Quarta-feira, 6 de Novembro de 1918
Constituição das Juntas Militares

Constituem-se Juntas Militares, cuja ideia teria sido apresentada ao próprio Sidónio Pais pelo Coronel João de Almeida. Tratava-se de uma organização de comandos de regimentos de todo o país, ditos apartidários, tendo sido criados núcleos de oficiais em Lisboa (onde existia um Conselho Director), Porto, Coimbra, Évora e Braga. Como se veio a verificar, eram maioritariamente constituídos por monárquicos, sobretudo a norte. Em Lisboa, funcionava o conselho directivo composto por Álvaro Mendonça, João de Almeida e Tamagnini Barbosa.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 11 de Novembro de 1918
Armistício

É assinado o armistício que termina a I Guerra Mundial. A notícia é recebida em Lisboa, aliás como no resto dos países, não só os beligerantes como os neutrais, com grande júbilo. Lisboa é uma capital em festa, engalada e embandeirada.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 14 de Dezembro de 1918
Programa mínimo do Partido Republicano Português

O Partido Republicano Português redige uma espécie de programa mínimo, contendo os princípios de convergência política com os outros partidos republicanos, o unionista e o evolucionista. Confirma o manifesto de Agosto.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Terça-feira, 12 de Novembro de 1918
Manifestação de júbilo pela vitória aliada e pelo fim da guerra

É organizada uma manifestação de júbilo pela vitória dos aliados e pelo fim da guerra, do Terreiro do Paço a Belém. Sidónio Pais não deixaria de se associar a estas comemorações.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 30 de Novembro de 1918
Discurso de Coimbra

Em Coimbra, Sidónio Pais admite que a questão política ainda não está resolvida, apesar de o regime já se ter aproximado de uma solução presidencialista que o afastava do disposto na Constituição de 1911. Mas se esta questão não está ainda resolvida, para o ser, tem de ser dentro da República Nova.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Domingo, 17 de Novembro de 1918
Distribuição de manifestos da UON proclamando a greve geral

São distribuídos manifestos da UON convocando uma greve geral. Alguns dos homens que os distribuíam são presos e interrogados pelas forças policiais.

Ano: 1918 Tema: Movimento Operário e Social
Quarta-feira, 20 de Novembro de 1918
Manifestação ordeira

Os sidonistas organizam uma manifestação do "campo da ordem" como resposta à greve geral promovida pela União Operária Nacional. A manifestação, marcada para o dia 20, foi anunciada por dois manifestos ("Ao povo de Lisboa" e "Portugueses!") que as juntas de freguesia e outras associações situacionistas distribuíam e afixavam, convidando o "povo ordeiro" a saudar as forças de terra e de mar, vitoriando o seu comandante, Sidónio Pais. Também um grupo de cidadãos, firmados como os "defensores da Ordem, do Trabalho e Progresso nacional", afixam um comunicado onde explicam que várias juntas de freguesia e associações se dirigiram ao Governador Civil de Lisboa para que lhes fosse concedida licença para fazer uma manifestação ordeira de protesto. Afirmando o seu desejo de associação com o exército e a armada, explicam que o Presidente da República determinou, então, a realização de uma parada militar. O início foi marcado para o Largo da Anunciada, às duas da tarde, onde se faria a formatura dos diferentes corpos militares e policiais. Sidónio Pais assume um papel central nesta manifestação.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Terça-feira, 19 de Novembro de 1918
Apelo aos cidadãos ordeiros

Os sidonistas, através, designadamente, do jornal "A Situação", apelam aos cidadãos ordeiros para que usem o laço verde na lapela, símbolo do Mestre de Aviz e dos soldados da Flandres, e para que se constituam em forte bloco ordeiro contra a "desordem bolchevique" e contra a greve geral.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 21 de Dezembro de 1918
Cerimónia fúnebre de Sidónio Pais nos Jerónimos

O "Presidente Rei", tal como lhe chamou Fernando Pessoa, esteve, depois de embalsamado, na Câmara Municipal de Lisboa, por onde desfilaram centenas de pessoas para um "último adeus", seguindo depois o cortejo fúnebre para o Mosteiro dos Jerónimos.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Quinta-feira, 5 de Dezembro de 1918
Aniversário da revolução sidonista

Realiza-se um jantar de comemoração no aniversário da revolução sidonista que já não conta com a presença de Machado Santos ou Feliciano da Costa, isto é, os outros membros da junta revolucionária - o que não deixa de ser um sinal do isolamento político de Sidónio Pais.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sexta-feira, 6 de Dezembro de 1918
Suspensão da garantias

Depois do atentado contra Sidónio Pais, a Câmara dos Deputados votou a suspensão de garantias até 10 de Janeiro. Tratava-se de confirmar a declaração de estado de sítio estabelecida pelo decreto n.º 4891 de 12 de Outubro. Não foi uma questão pacífica e consensual. Entre o primeiro e o segundo atentado contra Sidónio Pais deu-se a reunião das principais figuras do juntismo no Quartel do Carmo, assentando-se na constituição de um novo gabinete ministerial.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 16 de Dezembro de 1918
Lei n.º 833

Publicada a Lei nº 833, que mantém em vigor, no geral, a Constituição de 1911, mas suspende o artigo 50.º que determina que os Ministros não podem ser eleitos para a Presidência da República se não tiverem abandonado o seu cargo 6 meses antes da eleição. Esta suspensão permite a escolha de Canto e Castro.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 23 de Dezembro de 1918
Governo Tamagnini Barbosa

Toma posse o XVII Governo, de Tamagnini Barbosa. Este executivo mantinha traços de continuidade com os governos do tempo de Sidónio Pais. Começam a fazer-se sentir as pressões dos militares e das Juntas Militares que defendem a constituição de um governo de força, militar.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sábado, 14 de Dezembro de 1918
Continua o estado de sítio

Na sequência do atentado contra Sidónio Pais, e da agitação subsequente, a Lei n.º 832 confirma a declaração de estado de sítio até 10 de Janeiro de 1919.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 16 de Dezembro de 1918
Primeira reunião do Congresso depois da morte de Sidónio Pais.

Na própria sessão dedicada à memória de Sidónio Pais são suspensos, até à revisão constitucional, os artigos 116.º a 121.º do decreto n.º 3997 de 30 de Março (Lei eleitoral, de que são retirados os artigos relativos à eleição do Presidente da República) . O Almirante Canto e Castro é eleito Presidente da República. Cumpriria o restante do mandato de Bernardino Machado. Até à revisão constitucional considera-se em pleno vigor a constituição política de 1911.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Sexta-feira, 6 de Dezembro de 1918
Primeira tentativa de assassinato deSidónio Pais

No momento em que o Presidente subia para o automóvel, depois de prestar a sua homenagem aos marinheiros do Augusto de Castilho, Júlio Baptista - segundo outras fontes Luís Maria - tenta, por três vezes, disparar contra Sidónio Pais. As balas não explodiram porque, segundo conta Rocha Martins, "(...) no seu grande desejo de bem matar, (…) o criminoso embebera os projecteis numa mistura venenosa que os inutilizara para o fogo." Veio a saber-se que era filho de um merceeiro democrático que tinha ligações ao grupo maçónico Pró-Pátria. Isto motivará o ataque da rua sidonista ao Grémio Lusitano e Loja Pró-Pátria.

Ano: 1918 Tema: Violência (política)
Sábado, 14 de Dezembro de 1918
Morte de Sidónio Pais

Assassinato do Presidente Sidónio Pais, na estação do Rossio em Lisboa. Sidónio Pais é morto a tiro por José Júlio da Costa, na estação do Rossio em Lisboa. O Presidente da República partira de Belém para o Rossio onde apanharia o comboio para o Porto, em princípio para conferenciar com a Junta Militar do Norte. Acompanhava-o o seu irmão e o seu filho, sendo recebido na estação pela Guarda Republicana, tocando o hino, e por populares. Do meio deles, José Júlio da Costa dispara. É grande a agitação, a correria e o pânico. No tiroteio que se segue, caem inocentes. José Júlio da Costa, ao contrário dos regicidas, não morre no local. Seria conduzido para a Escola de Guerra e mais tarde para o Governo Civil. Sidónio Pais caíra mas ainda não morrera. A imaginação febril do Repórter X (Reinaldo Ferreira) pôs-lhe na boca as palavras "Morro bem! Salvem a Pátria!" O Presidente da República morreria, antes da meia noite, a caminho do Hospital de S. José.

Ano: 1918 Tema: Violência (política)
Domingo, 8 de Dezembro de 1918
Ataque à Loja maçónica Pró-Pátria e Grémio Lusitano

Na sequência do primeiro atentado a Sidónio Pais, grupos sidonistas atacam a Loja Pró-Pátria e o Grémio Lusitano. A polícia foi conivente com o ataque.

Ano: 1918 Tema: Violência (política)
Noite de 14 para 15 de Dezembro de 1918
Reunião do escol da situação no Governo Civil de Lisboa

Nesta reunião foram gizadas as medidas a tomar, partindo do princípio de que não se atentaria contra instituições republicanas. Concordam que é importante fazer a convocação do parlamento, derrogar o decreto n.º 3997 e eleger um novo Presidente da República. Estabelece-se, assim, um acordo em torno da candidatura de Canto e Castro. Tamagnini Barbosa surge como o nome para chefe de governo.

Ano: 1918 Tema: Vida Política
Segunda-feira, 23 de Dezembro de 1918
Sublevação militar

Assiste-se a uma tentativa de pronunciamento militar em Lisboa, com a sublevação do Regimento de Lanceiros em Lisboa e, no dia seguinte, por Queluz, Cavalaria 2 e 4 e parte da Escola de Guerra. Garcia Rosado é encarregado pelo Governo de negociar o regresso aos quartéis, conferenciando com João de Almeida. Machado Santos relata que foi procurado a meio da noite por um sargento de Lanceiros para ser preso.

Ano: 1918 Tema: Violência (política)
Sábado, 14 de Dezembro de 1918
Prisão de Magalhães Lima

Magalhães Lima é preso, após o assassinato de Sidónio Pais e retido no Governo Civil de Lisboa. José Júlio da Costa, o assassino do Presidente, tinha no bolso uma carta dirigida ao Grão-Mestre da Maçonaria.

Ano: 1918 Tema: Violência (política)

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1918