Na Casa-Museu João Soares esteve patente em 1998 uma mostra de trajes académicos.
O Dr. Mário Soares, ao longo da sua extensa vida pública, recebeu vários Doutoramentos Honoris Causa em universidades portuguesas e estrangeiras. Os trajes expostos foram oferecidos por essas universidades, sendo um dos símbolos característicos da especificidade cultural de cada uma.
Com o objectivo de divulgar este espólio, decidiu a Fundação organizar na Casa-Museu Centro Cultural João Soares, esta mostra temática de peças que integram a respectiva colecção.
Cada peça está identificada pelo respectivo número de inventário.
Na Casa-Museu João Soares esteve patente em 1998 uma mostra de chaves de cidades.
Nas inúmeras visitas que realizou no desempenho de cargos públicos, Mário Soares recebeu várias chaves dos municípios por onde passou.
Com o objectivo de divulgar este espólio, decidiu a Fundação organizar na Casa-Museu Centro Cultural João Soares, esta mostra temática de peças que integram a respectiva colecção.
Cada peça está identificada pelo respectivo número de inventário.
Na Casa-Museu João Soares esteve patente em 1998 uma mostra de modelos de embarcações e de instrumentos de navegação.
1998 foi o Ano Internacional dos Oceanos, decorrendo também sob o lema Os Oceanos, um Património para o Futuro, a Exposição Mundial de Lisboa, EXPO’98.
Por outro lado, Mário Soares presidiu à Comissão Mundial Independente para os Oceanos, constituída em reconhecimento da importância fundamental dos Oceanos no desenvolvimento da Humanidade.
Neste contexto, decidiu a Fundação organizar na Casa-Museu Centro Cultural João Soares, no seu primeiro aniversário, esta mostra temática de peças que integram a respectiva colecção.
Cada peça está identificada pelo respectivo número de inventário.
A presente mostra de Caricaturas de Mário Soares foi concebida a partir da reprodução, em fac-simile, de caricaturas apresentadas na exposição realizada pela Humorgrafe na Presidência da República, em 1995.
Cumprindo o objectivo de divulgação do espólio depositado na Casa-Museu João Soares, a exposição integra também outros trabalhos nela depositados, de origem diversa e sem identificação completa. Por esta razão, algumas das peças expostas não puderam ser devidamente descritas por fdata-captiona de elementos suficientes.
Julga-se oportuno realçar, pela sua actualidade, as palavras que se seguem, escritas pelo próprio retratado na introdução ao catálogo publicado por ocasião da primeira edição desta exposição:
A democracia é o regime no qual ninguém está acima da crítica. Muitas vezes, melhor do que longos discursos, argumentações cuidadas e raciocínios sofisticados, é com meia-dúzia de traços e uma frase curta, certeira, acerada, inteligente que se desafiam poderes, denunciam situações, de injustiça ou de ridículo, e se diz que o rei vai nu.
As ditaduras têm, por isso, grande medo e aversão ao humor. Salazar ostracizou os caricaturistas, alguns de génio, que se refugiaram no quotidiano e nos costumes, sendo-lhe em absoluto interdito a caricatura política. Quem não se lembra da extinção do Sempre Fixe e dos constrangimentos sofridos por Francisco Valença ou por Stuart? Quando Marcelo Caetano tentou, sem êxito, liberalizar o peso da ditadura permitiu o aparecimento de duas, três inocentes caricaturas dele próprio, o que constituiu uma grande novidade. Foi sol de pouca dura.
Ao contrário, os regimes de liberdade sabem que a sátira é um dos meios de reforço e aperfeiçoamento das instituições e dos homens. Já diziam os antigos: Rident castigat mores.
Ao longo destes mais de vinte anos de democracia, tenho sido um dos alvos privilegiados da nossa democracia satírica, o que muito me honra.
A circunstância de ter estado presente em diversas funções, tornou natural que assim acontecesse, à semelhança de tantos protagonistas, de todos os quadrantes, destas duas décadas tão ricas, interessantes e contraditórias. No que se me refere, houve outras razões de peso: a configuração física que acaso se presta particularmente à caricatura - as bochechas são, por exemplo, tema obrigatório dos caricaturistas -,o estilo um tanto descontraído, a propensão para o improviso, sem grande medo do ridículo, a resposta pronta, que não exclui - como é inevitável quando se trabalha sobre os acontecimentos e sem arame - uma ou outra gaffe...
Tudo isto tem servido de pretexto aos caricaturistas. E, também, naturalmente, os meus actos que mereceram reprovação, crítica, inevitáveis discordâncias. Por vezes, violentas e muito corrosivas.
Tenho-me sempre esforçado, todavia, por considerar as caricaturas que de mim fazem como matéria de reflexão, achando-lhe quase sempre graça, mesmo que as considere tremendamente injustas. Com a passagem do tempo e a distância que traz, verifico que a sátira, frequentemente, perde muito da sua agressividade e que os autores e os visados se podem com ela divertir em conjunto. E o diálogo que daí ocorre acaba por tornar-se um salutar exercício democrático.
A exposição que tive a ideia de promover no Palácio de Belém representa, em primeiro lugar, uma homenagem aos caricaturistas portugueses, que admiro e entre os quais conto alguns amigos. Todavia, a organização e os critérios de selecção dos autores da exposição não me pertence, mas ao coordenador Osvaldo de Sousa, especialista em história do humor gráfico português.
A caricatura política foi um dos meios de luta contra a ditadura e, por isso, sempre reprimida, de diversas maneiras, pela censura. Com razão, aliás, do ponto de vista dos ditadores, porque a caricatura é uma arma terrível!
Depois do 25 de Abril, e com o restabelecimento da liberdade de expressão, a charge política adquiriu um grande fulgor. Apareceram cartoonistas que, com grande originalidade e talento, renovaram a tradição portuguesa, entroncando-a no movimento do cartoonismo internacional mais avançado, e elevando-se ao nível do genial Rafael Bordalo Pinheiro. Nos conturbados e contraditórios anos da Revolução de Abril, o cartoon foi, frequentemente, o comentário crítico mais inteligente e lapidar dos acontecimentos.
Com a institucionalização da democracia, seguiu o seu caminho, na pluralidade das sensibilidade dos vários artistas que a têm cultivado. Quase sempre, com muito talento, reconhecimento nacional e internacional, tenho ganho, justamente, em toda a comunicação social, incluindo a televisão, direito de cidade.
Esta exposição, realizada no Palácio de Belém, residência oficial do Presidente da República, que quis aberta ao público, pretende ter também um sentido pedagógico - lembrar que todos erramos e, por isso mesmo devemos ser criticados, em particular os políticos, e saber corrigir a nossa acção através da crítica. É essa a superioridade da democracia.
O riso é uma forma de inteligência e o talento para o provocar é um grande dom só concedido a alguns seres humanos.
Todos nós somos peixes - grandes - pequenos - feios - bonitos. Todos nós nos deixamos apanhar um dia na rede que só a nós é destinada. Assim adquirimos o nosso rosto. - O resto é água, da qual Tudo veio, para a qual Tudo reencontra o seu caminho.
O peixe como símbolo do divino - desde os tempos pré-cristãos -, como alegoria do humano - espelho de tipos e comportamentos -, como espécie ou criatura natural -surpreendente e misterioso objecto de estudo e encantamento -, eis os 3 aspectos fundamentais, por vezes simultâneos, que a sua imagem assume na obra de Hein Semke. O fascínio do mar e da vida marinha e marítima sobre o artista não é platónico. Não era só em literatura acerca da fauna oceânica ou na obra de Melville e outros que ele mergulhava, mas em mercados, lotas e, sobretudo, no mundo submarino das águas límpidas das Berlengas, do Portinho da Arrábida e da Salema.
A representação do peixe atravessa toda a produção de Hein Semke, desde a primeira escultura e cerâmica - em placas, jarras, painéis como O Cristo dos Pescadores - até recorrentes séries de desenhos e monotipias; desde os 2 livros de artista que lhe dedica - O Pequeno livro dos Peixes (com 49 desenhos de 34 x 48 cm) e Peixes e Peixes (com 94 pinturas de 70 x 100 cm) - até ao conjunto de 22 aguarelas agora exposto.
Escultor, ceramista e pintor, Hein Semke nasceu em 1899 em Hamburgo. Combatente na I Grande Guerra e activista político, empenhamento que lhe valeu seis anos de prisão solitária, frequentou as Academias de Belas-Artes de Hamburgo e de Estugarda, deixando definitivamente a Alemanha em 1932 e fixando-se em Portugal, onde nesse mesmo ano expôs no Salão de Inverno da SNBA.
Companheiro de Eloy, Almada, Sarah Affonso, Júlio, Vieira da Silva, Arpad Szenes etc. - com os quais participou em mostras colectivas e com um vasto currículo de mostras individuais -, trouxe à vida artística portuguesa uma dimensão expressionista onde o sintetismo formal e a força emotiva se aliam numa obra intensamente afirmativa, na qual o misticismo religioso e a mensagem humanista andam de mãos dadas com a celebração panteísta do mundo.
Um dos grandes renovadores da cerâmica portuguesa, é ainda autor de uma notável obra xilográfica e de mais de 30 livros de artista de grandes dimensões, feitos a partir de 1965, tendo o seu Livro da Árvore sido publicado em 1995 pela F.C.G.- ACARTE, em fac-simile de formato reduzido, e exposto na Biblioteca Nacional.
A Fundação Calouste Gulbenkian apresentou em 1972 uma retrospectiva dos seus 40 Anos de Actividade em Portugal. Em 1991, o Museu Nacional do Azulejo expôs uma visão da obra cerâmica e em 1997, o Museu de José Malhoa a obra escultórica.
Tem trabalhos no Pátio de Honra aos Mortos da Guerra da Igreja Evangélica Alemã de Lisboa, no Jardim de Inverno do Hotel Ritz, no Hotel da Baleeira de Sagres, na Reitoria da Universidade Clássica de Lisboa, nos jardins da Fundação Gulbenkian, no jardim da Casa-Museu João Soares em Cortes, em diversos museus etc..
Hein Semke morreu em Lisboa, em 1995.