Cronologia



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    Domingo, 9 de Outubro de 1910
    Prisão e interrogatório do patriarca resignatário de Lisboa, cardeal D. José Netto



    Às 10 da noite, na estação do Cacém, foi preso o patriarca resignatário de Lisboa, cardeal D. José Netto, sendo conduzido por França Borges para a estação do Rocio e daí para o Quartel-General. O cardeal, ao ser detido, invocou as suas imunidades parlamentares de Par do Reino. Cerca das três horas da madrugada, na sala do Ministério da Guerra, onde se têm reunido os Conselhos de Ministros do Governo Provisório, Afonso Costa informa a imprensa que se vai deslocar ao quartel-general, acompanhado pelo seu secretário Germano Martins, para interrogar, "como delegado do governo", o cardeal Netto (Transcrevemos o interrogatório, de acordo com a versão publicada no jornal "O Mundo"): Nomeado o tenente Teotónio de Almeida para redigir o auto e enquanto assiste o general Carvalhal, comandante da divisão, de pé, ao fundo, Afonso Costa manda entrar o cardeal Netto. - Queira V. Exa. Sentar-se. O cardeal senta-se fatigadamente num fauteil. O dr. Afonso Costa interroga-o: - O seu nome? - José Sebastião Netto, patriarca resignatário de Lisboa. - Cardeal? - Sim, cardeal sou. - V. Exa. Pertence a alguma comunidade religiosa?.... V. Exa. Decerto vai usar para com o ministro, que representa o governo, da máxima sinceridade… - Não há dúvida. Eu dei-me sempre bem com todos os governos. - Vive, portanto, em comunidade .religiosa…. - Vivo…. - A que congregação pertence? - À de S. Francisco de Assis. - Quantas casas tem essa ordem em Portugal? O cardeal Netto hesita, rememora mentalmente, conta pelos dedos e a fim diz: - Quatro: Braga, S. Bernardino, Brancanes e…. A ultima, os seus labios mal a murmuram. Depois, o dr. Afonso Costa explica que o governo vai fazer respeitar a legislação de Pombal e de Aguiar em vigor, e que portanto é necessário que o cardeal Netto, para permanecer em território português, prometa que não voltará a viver em comunidade e apenas a vida de família, com os seus parentes naturais, ou um amigo e com os criados necessários para o seu serviço. - Promete V. Exa….. O patriarca resignatário replica imediatamente com doçura, num tom de voz que não oferecia dúvida: - Prometo. O dr. Afonso Costa proseguindo: - V. Exa. Sempre que mudar de domicílio terá de o participar para o ministério da justiça…. - Mesmo quando for para a Parede? - Não, pode ir para o campo, para uma praia, por dez, por vinte dias, isso é uma coisa provisoria. O governo só deseja ter informação de mudança de domicilio, da residência habitual. E compreende-se que assim seja, pois que de outra forma a inspecção seria impossível e a lei se- ria iludida, sofismada, posta lamentavelmente de lado. - E agora?.... Agora V. Exa. Para onde se retira? - Vou para Espanha passar algum tempo, o que aliás já era intenção minha mesmo antes dos acontecimentos. Alguns amigos meus de há meses que me solicitam. Estava decidido a partir…. - E volta para Portugal? - Sim, senhor. Sou português…. - O governo da Republica não expulsa cidadãos portugueses, pelo contrário, atraí-los-á à pátria, protegê-los-á sempre que se coloquem sob a protecção insofismada das leis. Redigido o auto, nele se regista que o cardeal Netto será, do novo, entregue á liberdade. Ele e o ministro assinam a tolha de almaço azul. E o ministro da justiça pergunta ainda: - V. Exa. Demora-se em Lisboa? - Eu desejava partir o mais breve possível para Leiria, afim de arranjar as minhas malas para me pôr a caminho de Espanha. - Em que comboio? No da tarde? - Sim, senhor. Mas desejava também pedir que alguém me acompanhasse… - Não há dúvida. O governo da Republica garantirá a V. Exa. Toda a protecção e facilitar-lhe-á os meios eficazes para chegar ao seu destino. - Poderia ir ao convento da Graça? - Tem V.Exa. Urgente necessidade de falar a alguém dali? - Apenas queria recolher os meus hábitos. - Pois bem, o cardeal Netto receberá tudo o que lhe pertence. O governo provisório far-lhe-á chegar tudo ás mãos. O cardeal Netto repete: "Eu dei-me sempre bem com todos os governos…" O dr- Affonso Costa insiste em explicar: - A atitude de V.Exa. Vale pela sua alta situação, atitude que por certo influirá decididamente em muitos outros que estejam em igualdade de circunstâncias e facilitará a obra da República que se acaba de implantar em Portugal para a redenção da Pátria. Por fim, Afonso Costa determina que o cardeal Neto será acompanhado pelo Dr. Germano Martins e irá descansar para o um hotel e que às sete da tarde seguirá para Leiria. O sr. cardeal Netto pergunta: - Poderei esperar por um rapaz que me acompanhava? - Sem dúvida. Sente-se V. Exa. Pode assistir ao seu interrogatório. Alguém parte a conseguir quartos num hotel, o que é absolutamente impossível e o cardeal Netto, então, resigna-se a esperar pelo comboio da manhã, das 7 e 10, para nele partir para Leiria.

    Ano: 1910     Tema: Vida Política/Religiões
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    Terça-feira, 11 de Outubro de 1910
    Presos membros das congregações religiosas



    Na sequência de numerosos incidentes entre elementos da população e membros das congregações religiosas, forças da Marinha e do Exército mantêm sob custódia religiosos que aguardam a execução da ordem de expulsão, decorrente do diploma de 8 de Outubro: 82 religiosos são detidos em Caxias e 48 no Limoeiro, enquanto 233 freiras são conduzidas para o Arsenal de Marinha. Outros religiosos, nomeadamente jesuítas, foram de imediato mandados seguir para o estrangeiro.

    Ano: 1910     Tema: Vida Política/Religiões
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    Terça-feira, 7 de Março de 1911
    Prisões de párocos



    Alastram as prisões de párocos, acusados de, desobedecendo às ordens do Ministério da Justiça, terem lido em público a Pastoral dos Bispos contra as leis anti-clericais da República.

    Ano: 1911     Tema: Vida Política/Religiões
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    Quinta-feira, 20 de Abril de 1911
    Promulgada a Lei de Separação do Estado da Igreja



    Pedra angular da legislação anti-clerical da República, foi lavrada pelo Ministro da Justiça Afonso Costa. (Veja-se "textos")

    Ano: 1911     Tema: Vida Política/Religiões
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    Domingo, 14 de Janeiro de 1912
    Manifestação anticlerical em Lisboa



    Manifestação anticlerical em Lisboa, promovida pela Associação do Registo Civil, de apoio à Lei de Separação.

    Ano: 1912     Tema: Vida Política/Religiões
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    Terça-feira, 10 de Março de 1914
    Discussão da Lei de Separação



    Principia a discussão na generalidade, na Câmara dos Deputados, da lei de Separação do Estado das Igrejas de Abril de 1911. Esta longa discussão, que só terminou a 29 de Junho, foi infrutífera já que a lei não foi alterada, não chegando a ser discutida na especialidade.

    Ano: 1914     Tema: Vida Política/Religiões
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    Terça-feira, 13 de Julho de 1915
    Desterro de párocos



    O deputado católico Castro Meireles levanta no Parlamento a questão do desterro por dois meses, ordenado pelo Ministro da Justiça contra os párocos de Esmoriz e S. Vicente (Ovar), por uso indevido de vestes talares fora do exercício de actos cultuais.

    Ano: 1915     Tema: Vida Política/Religiões
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    1924
    União Católica de Estudantes Portugueses



    Criação da União Católica de Estudantes Portugueses (UCEP), contando-se, entre os seus membros fundadores, Marcelo Caetano e Pedro Teotónio Pereira.

    Ano: 1924     Tema: Vida Política/Religiões
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    sábado, 10 de Julho de 1948
    É proibido o jornal católico "O Trabalhador", dirigido pelo P. Abel Varzim, órgão da Liga Operária Católica (LOC) e da Juventude Operária Católica (JOC)



    Proibição de "O Trabalhador", jornal católico, órgão oficial da LOC e da JOC, dirigido pelo P. Abel Varzim, que, na sequência dos acontecimentos, é afastado de Lisboa e transferido para a paróquia de Cristelo (concelho de Barcelos).

    Ano: 1948     Tema: Vida Política/Religiões
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    domingo, 13 de Julho de 1958
    Carta do Bispo do Porto, António Ferreira Gomes, a Salazar fazendo várias críticas ao regime e pondo em causa o papel da Igreja na sociedade portuguesa



    O Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, dirige uma carta a Salazar em que formula uma série de críticas à sua governação e questiona o papel da Igreja na sociedade portuguesa. No ano seguinte, D. António Ferreira Gomes será forçado a exilar-se.

    Ano: 1958     Tema: Vida Política/Religiões
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    quarta-feira, 1 de Janeiro de 1969
    Vigília na igreja de S. Domingos feita por um grupo de católicos condenando a política colonial do governo



    Um grupo de católicos, depois de ter realizado uma vigília na igreja de S. Domingos, em que foi condenada a política africana do governo, divulga um documento manifestando o seu empenho na obtenção de uma solução pacifica para a questão colonial.

    Ano: 1969     Tema: Vida Política/Religiões
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    Julho de 1969
    António Ferreira Gomes, bispo do Porto, regressa do exílio



    O Bispo do Porto regressa do exílio.

    Ano: 1969     Tema: Vida Política/Religiões




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