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    17 500 dias de democracia | "Só é vencido quem desiste de lutar"



    watch_later 24/3/2022

    A Fundação Mário Soares e Maria Barroso celebra o dia em que Portugal passa a ter mais dias de democracia do que teve de ditadura.


    Mário Soares, em luta contra a Ditadura, pela Liberdade e pela Democracia

    “Às sugestões da comodidade, do egoísmo ou o interesse – individual, familiar ou profissional – que apontam para a renúncia ou para o alheamento, com o pretexto de que tudo está perdido e nada já é possível fazer, há que opor um esforço pertinaz de inserção na realidade e a vontade decisiva de vencer – na certeza de que só é vencido quem desiste de lutar.

    - Mário Soares, Portugal Amordaçado, Paris, fevereiro de 1972.

     

    Mário Soares publicou o seu “depoimento sobre os anos do fascismo", Le Portugal Baillonné, há precisamente 50 anos, em França, pois seria impossível publicá-lo em Portugal. Escrito praticamente todo durante o seu exílio em Paris, nas suas páginas Soares descreve a sua longa luta contra a ditadura, refletindo acerca da mesma, bem como sobre o posicionamento da alternativa socialista no seio da oposição ao Estado Novo.

    Trata-se de uma obra fundamental da literatura política portuguesa, que apresenta uma análise do Portugal de então e revela a visão do seu autor para o futuro do país. É um dos mais impressionantes testemunhos de um resistente ao Estado Novo.

    Mário Soares, que já havia sido preso 12 vezes e deportado para S. Tomé e que se encontrava no exílio político, não baixava os braços na luta pela liberdade e pela democracia:

    "Portugal tem de ser salvo do aviltamento da ditadura. E essa tarefa só pode ser obra dos próprios portugueses. Temos que nos libertar do ciclo infernal da miséria, do medo e da opressão, em que tão longamente nos deixámos confinar. Não se trata apenas de um imperativo moral categórico – de um acto de inteligência ou de uma imposição intelectual. Trata-se de uma exigência patriótica intelectual. Trata-se de uma exigência de salvação colectiva de que importa assumamos a consciência plena".

    O exílio iniciara-se cerca de dois anos antes, após a conferência de imprensa realizada em Nova Iorque, no Overseas Press Club, em que Soares afrontou uma vez mais o Regime, denunciando a sua política colonial. Em agosto de 1970, quando partiu para o exílio, numa carta dirigida a amigos resistentes e distribuída clandestinamente em Portugal, embora a adversidade e a incerteza dos tempos, as palavras de Soares eram de esperança e de ânimo: “O combate é duro mas a coragem não nos falta. Prossigamos pois a nossa luta pela liberdade e pela justiça! Tenhamos confiança: num mundo em transformação acelerada, é impossível deter o progresso."

    Já em 1973, no texto enviado ao III Congresso da oposição democrática de Aveiro, que foi intercetado pela polícia política e que, portanto, não chegou ao seu destino, Soares apresentava a sua leitura do contexto político português. Considerava “explosiva a situação – em Portugal e nas colónias." Denunciava então como “A chamada ordem estabelecida não representa o consenso popular (…) o País está a ser empurrado para um ciclo de tensões e de choques crescentes, que preludiam um afrontamento generalizado com o Poder, de consequências imprevisíveis".

    Um ano depois, em março de 1974, escrevia premonitoriamente no Le Monde: “qualquer coisa «mexe», finalmente, em Portugal". No mês seguinte, a 25 de Abril, a mais longa ditadura da Europa era finalmente derrubada pelo Movimento das Forças Armadas. Três dias depois, Mário Soares regressou a Portugal, acompanhado de Maria Barroso, Tito de Morais, Ramos da Costa e Fernando Oneto, no chamado “comboio da liberdade". Cumprira assim as últimas palavras que escrevera no Portugal Amordaçado: “Encerrado o parêntesis doloroso, regressarei a Portugal, logo que as circunstâncias o aconselhem. Serenamente – e com a confiança no futuro, que nunca me abandonou".

    A partir de então, Mário Soares envolver-se-ia profundamente na condução dos destinos políticos do País, vindo a consagrar-se como a figura mais determinante na construção da democracia em Portugal.

    Na celebração da democracia portuguesa, manteve o propósito sempre renovado: “Prossigamos pois a nossa luta pela liberdade e pela justiça!"



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