Assim escrevia Mário Soares em março de 1974. Estava no exílio, em Paris, e escrevia no jornal Le Monde.
No dia 25 de Abril Mário Soares estava em Bona, na Alemanha. Tinha, a convite do SPD, uma audiência com o chanceler Willy Brandt. De madrugada recebe um telefonema dando conta de movimentações militares em Lisboa. Desdobra-se em contactos procurando obter mais informações. Não esperou mais, não podia ficar longe. Regressou de imediato a Paris e daí partiu para Lisboa, logo no dia 27 de abril.
Veio no comboio da liberdade, com Maria Barroso, Fernando Oneto, Ramos da Costa e Tito de Morais.
Mário Soares estava exilado desde 1970. Na oposição ativa desde o final da II Guerra, tinha sido preso 12 vezes e deportado por ordem de Salazar para São Tomé em 1968. Em 1973 tinha fundado o Partido Socialista, em Bad Münstereifel, na Alemanha.
Chegou a Lisboa no dia 28 de abril. Tinha à sua espera milhares de portugueses, saudando a sua chegada à estação de Santa Apolónia.
Dirigiu-se à multidão: Quero dizer uma palavra para as Forças Armadas. Restituíram a voz e a alegria ao Povo português, acto histórico que não podemos esquecer. Mas é agora ao povo, aos trabalhadores, que compete a tarefa principal, organizar a democracia e pôr fim à guerra colonial.
Acabara a ditadura, derrubada três dias antes pelo Movimento das Forças Armadas. Começara um tempo novo, em liberdade.
Mário Soares, que tinha conquistado uma visibilidade e reconhecimento internacionais que mais nenhum político português da oposição alcançara, contribuiria decisivamente para a construção de um Portugal novo, democrático e aberto ao mundo.
O Arquivo da Fundação Mário Soares disponibiliza online documentação única sobre a Revolução de 25 de Abril de 1974: