Homens e Mulheres que pelos seus ideais, pela sua postura cívica e política, pelos seus combates, souberam dar sentido às suas vidas e, embora já falecidos, permanecem como exemplos. A Fundação Mário Soares dedica um ciclo de conferências e debates a essas figuras da nossa cidadania democrática, prestando-lhes homenagem. A quadragésima conferência do ciclo "Vidas com Sentido" é dedicada a Hermínio da Palma Inácio. Hermínio da Palma Inácio nasceu em Ferragudo, a 29 de janeiro de 1922, e faleceu em Lisboa a 14 de julho de 2009. Revolucionário.
Passou a sua juventude em Tunes, no concelho de Silves, alistando-se voluntariamente na Aeronáutica Militar, sendo colocado na Base Aérea nº 1, em Sintra, onde tirou o curso de mecânico de aeronaves e o de piloto de aviação civil, aí conhecendo, designadamente, o futuro general Humberto Delgado.
Cedo entende a necessidade de agir contra a ditadura. Em 1947, participa na Revolta da Junta Militar de Libertação Nacional, em que participam, entre outros, Mendes Cabeçadas, João Soares e general Marques Godinho. Palma Inácio sabota diversos aviões na Base Aérea de Sintra. Após sete meses de clandestinidade, é preso no Aljube, sendo violentamente torturado e colocado à disposição do Governo Militar de Lisboa. Evade-se da Cadeia do Aljube em 16 de maio de 1948.
Segue para Marrocos e, mais tarde, para os Estados Unidos da América, de onde será expulso, dirigindo-se para o Brasil, onde contacta a comunidade de resistentes antifascistas ali exilados.
A 10 de novembro de 1961, acompanhado de Camilo Mortágua, Amândio Silva, Maria Helena Vidal, João Martins e Francisco Vasconcelos, desvia o avião da TAP que partira de Casablanca e lança milhares de panfletos contra o regime de Salazar sobre Lisboa.
De regresso ao Brasil, prepara a operação de assalto à dependência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, concretizada a 17 de maio de 1967 com Camilo Mortágua, António Barracosa, Luís Benvindo e outros, tendo recuperado cerca de 29.000.000$00, ao tempo uma enorme quantia. A fuga dá-se num pequeno avião a partir do aeródromo de Cernache.
Em Paris, cria a LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária), que reivindica o assalto, destinado a realizar fundos para a luta contra a ditadura.
Prepara a tomada da cidade da Covilhã. Preso pela PIDE em 20 de agosto de 1968, na área de Moncorvo, é transferido para o Porto, de onde se evade mais uma vez, serrando as grades da cela.
Refugiado em Paris, o governo de Marcelo Caetano tenta a sua extradição, erguendo-se uma grande campanha de mobilização da opinião pública de solidariedade com Palma.
Julgado à revelia em 1970, é condenado a 16 anos de prisão maior e medidas de segurança de 3 anos, prorrogáveis.
Em novembro de 1973, depois de ter entrado clandestinamente em Portugal para mais uma operação, Palma Inácio é detido pela PIDE/DGS. Será libertado após o 25 de abril, apesar das reticências de Spínola.
Aproximando-se do PS, manteve durante algum tempo a LUAR, opondo-se às derivas “esquerdistas” do processo revolucionário. Sempre recusou benesses e privilégios.
Intervenções de:
Ana Sofia Ferreira,
Fernando Pereira Marques e
Mário Soares.