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    Vidas com Sentido (36) - José Mariano Gago

    watch_later 30/4/2015

    Homens e Mulheres que pelos seus ideais, pela sua postura cívica e política, pelos seus combates, souberam dar sentido às suas vidas e, embora já falecidos, permanecem como exemplos. A Fundação Mário Soares dedica um ciclo de conferências e debates a essas figuras da nossa cidadania democrática, prestando-lhes homenagem. A trigésima sexta conferência do ciclo "Vidas com Sentido" é dedicada a José Mariano Gago.
    José Mariano Rebelo Pires Gago nasce em Lisboa a 16 de Maio de 1948 e faleceu na mesma cidade no dia 17 de Abril de 2015. Físico de partículas e político.
    Frequentou o Instituto Superior Técnico, licenciando-se em 1971 em engenharia electrotécnica. Foi dirigente estudantil e activista político. Bolseiro do Instituto de Alta Cultura, partiu para Paris nesse mesmo ano, vindo a doutorar-se em 1976 na École Polytechnique – Université Pierre et Marie Curie, com uma tese sobre a produção e transferência de energia.
    Logo após o seu doutoramento, trabalhou no CERN – Centro Europeu para a Pesquisa Nuclear, na Suiça, dedicando-se aos estudos em matéria de aceleração e colisão de partículas das altas energias. Em 1986, regressou definitivamente a Portugal para dirigir a Junta Nacional para a Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), funções em que permanece até 1989, desenvolvendo intenso trabalho no relacionamento da ciência portuguesa no contexto europeu e internacional e organizando as "Jornadas Nacionais de Investigação Científica e Tecnológica" (Maio de 1987).
    Professor Catedrático do IST, impulsionou a adesão de Portugal ao CERN em 1985 e fundou em 1986 o Laboratório de Instrumentação e Física de Partículas (LIP).
    Desempenhou funções de Ministro da Ciência e da Tecnologia, entre 1995 e 2002 e, mais tarde, entre 2005 e 2011, de Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
    José Mariano Gago notabilizou-se pela sua empenhada intervenção no desenvolvimento da Ciência em Portugal, pela sua internacionalização, pelo reforço dos meios colocados à disposição dos institutos e laboratórios, pelo aumento das oportunidades dadas aos jovens investigadores, pela criação de instrumentos de divulgação científica e tecnológica (em que cumpre destacar o programa “Ciência Viva”), pela alteração das condições de funcionamento das universidades.
    Discreto, profundo conhecedor dos meios científicos nacionais e internacionais, levou a cabo uma profunda alteração na Ciência em Portugal, defendendo a sua íntima relação com a comunidade.
    Assumiu ainda desde o primeiro momento a importância das redes de investigação e ensino como instrumentos fundamentais para o progresso da investigação em Portugal. Apoiou decididamente o acesso e modernização das redes de computação, assegurando a sua ligação às redes europeias e mundiais. Lançou a introdução de meios informáticos nas escolas do ensino secundário. Garantiu a participação portuguesa em inúmeras experiências internacionais e colocou o país na agenda de múltipas instâncias e iniciativas.
    José Mariano Gago sempre manteve a sua participação cívica, atento ao mundo da cultura e olhando com perspicácia crítica as tentativas obscurantistas de limitação de acesso da generalidade dos cidadãos ao progresso e à educação, que entendia como instrumentos essenciais da melhoria das condições de vida.
    Deve-se-lhe, em suma, um programa decidido e minucioso de progresso científico e de desenvolvimento do país.
    No intervalo das funções públicas, regressou sempre à carreira docente no Instituto Superior Técnico e à direção do LIP.
    Como escreveu Mário Soares, "a morte prematura de José Mariano Gago, porventura o mais inteligente e preparado dos políticos portugueses que conheci, deixou-me imensamente triste."

    Intervenções de
    Mário Soares
    Manuel Sobrinho Simões
    José Vítor Malheiros
    Gaspar Barreira

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