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    A Diplomacia da República

    watch_later 24/2/2011
    location_on Sala do Arquivo dos Paços do Concelho

    A Fundação Mário Soares e a Câmara Municipal de Lisboa assinalam o Centenário da República com uma série de 18 colóquios sobre questões essenciais da história do regime republicano. A décima terceira destas conferências, sob o tema "A Diplomacia da República", será apresentada pelo historiador Pedro Aires de Oliveira.
    A Diplomacia da República

    A Fundação Mário Soares e a Câmara Municipal de Lisboa assinalam o Centenário da República com uma série de colóquios sobre questões essenciais da história do regime republicano. A décima terceira destas conferências, intitulada "A Diplomacia da República", pretende analisar os traços essenciais da actividade de representação externa do Estado Português entre 1910 e 1926.

    A Implantação da República foi, ela própria, precedida de uma verdadeira operação diplomática paralela, quando, no cumprimento de uma decisão do 11.º Congresso do Partido Republicano, realizado no Porto, em Abril de 1910, foi decidido enviar uma missão ao estrangeiro para auscultar junto de diversos sectores políticos e intelectuais a posição que algumas potências europeias assumiriam no caso de uma eventual mudança de regime em Portugal.

    Após o 5 de Outubro de 1910, poderá afirmar-se que as primeiras batalhas externas dos governos republicanos consistiram, por um lado, em assegurar esse reconhecimento internacional, designadamente junto da Inglaterra e, por outro lado, especialmente com a vizinha Espanha, tentando minorar o acolhimento dispensado aos sectores monárquicos que dali faziam base para as incursões armadas contra o nosso país.

    A proximidade da eclosão da I Guerra Mundial justificou outro tipo de acções no plano externo, especialmente voltadas para o apetrechamento das Forças Armadas portuguesas e para a defesa dos territórios coloniais, de algum modo ameaçados pelos interesses alemães em África, sem prejuízo da cobiça que os mesmos foram suscitando em países como a Alemanha ou a Inglaterra.

    O envolvimento português no conflito mundial representou um inequívoco acréscimo da representação externa, quer no plano diplomático, quer no plano da cooperação militar, ainda que frequentemente afectada pela instabilidade política interna.

    A braços com uma sucessão de crises políticas, económicas e sociais, a I República participou nas negociações que desembocaram na assinatura do Tratado de Versalhes através de duas delegações distintas, chefiadas, respectivamente, por Egas Moniz e Afonso Costa.

    Os resultados obtidos em Versalhes ficaram muito aquém do pretendido, embora fosse mantida a integridade das possessões coloniais, acrescentadas com o território de Quionga, no norte de Moçambique, que caíra sob administração alemã. Do ponto de vista financeiro, as compensações recebidas não chegaram, sequer, para saldar as dívidas de guerra para com a Grã-Bretanha. Em termos militares, a Marinha portuguesa recebeu quatro torpedeiros austríacos.

    Por outras palavras, alguns dos principais objectivos traçados por Afonso Costa, designadamente em matéria financeira e de modernização das forças armadas, não obtiveram vencimento, ao mesmo tempo que Portugal seria preterido em favor da Espanha na obtenção de um lugar no Conselho Executivo da Sociedade das Nações entretanto criada sob proposta dos Estados Unidos da América que, no entanto, viriam a não integrar o novo organismo internacional.

    Aliás, a SDN irá colocar a Portugal sucessivas questões, especialmente no que se referia à permanência de escravatura e de trabalhos forçados nas suas colónias e ao tráfico de estupefacientes, em especial no território de Macau - matéria que, aliás, "terá pesado na resistência do governo às pressões diplomáticas para a importação de Coca-Cola"

    Assinale-se, finalmente, que a crescente internacionalização dos conflitos políticos e sociais e os reflexos internos da vitória da revolução na Rússia e das tentativas de conquista do poder em países como a Alemanha ou a Hungria emprestaram especial ênfase à troca de informações sobre as movimentações revolucionárias e os seus agentes.

    A Diplomacia da I República foi apenas uma sucessão de intervenções casuísticas? Ou, pelo contrário, existiram orientações políticas essenciais que a marcaram e individualizaram?

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