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    A República, Ideias e Cultura

    watch_later 23/9/2010
    location_on Sala do Arquivo dos Paços do Concelho

    A Fundação Mário Soares e a Câmara Municipal de Lisboa assinalam o Centenário da República com uma série de 18 colóquios sobre questões essenciais da história do regime republicano. A oitava destas conferências, sob o tema "A República, Ideias e Cultura", será apresentada por Luís Crespo de Andrade, historiador das ideias.
    A I República foi um tempo de palavra escrita: as publicações periódicas multiplicaram-se, as tiragens atingiram valores inéditos; os cidadãos passaram a observar o país e o mundo, nos seus dramas e nas suas clivagens, segundo a visão da imprensa da eleição de cada um; os intelectuais, os publicistas e os literatos pululavam pelas redacções, pelos cafés e pelas tipografias.

    Enquanto a política acessível ao país letrado continuou a ser feita nas páginas dos quotidianos, as revistas trouxeram consigo um olhar pausado e variado, que atendia simultaneamente ao ar do tempo, à diversidade da vida e às motivações específicas dos diferentes públicos a que se dirigiram. O sucesso das revistas resultou, essencialmente, das novas exigências de um mundo urbano, constituído, em boa medida, por pessoas que apreciavam estar em dia e sentiam a necessidade de encontrar referências que dessem sentido ao evoluir dos acontecimentos.

    Ao dom natural que caracterizou, desde o seu início, os magazines, resultante da diversidade de temas, registos e autores, presentes em cada edição, que beneficiara, entretanto, do recurso usual à ilustração, muitas vezes por artistas consagrados, juntaram-se, nas primeiras décadas do século, novas sintaxes gráficas e novas técnicas de reprodução expedita da imagem e da cor. Os semanários, quinzenários e mensários tornaram-se então poderosos instrumentos de cultura, pois passaram a fornecer aos seus leitores, com cadência própria, a informação, as indicações e os modelos com que estes passaram a dialogar com os tempos modernos. Fizeram-no, por regra, numa perspectiva cosmopolita, quer ao importarem formatos de edição estrangeiros, quer, fundamentalmente, ao abrirem janelas amplas e inéditas sobre o mundo, a sua diversidade e o seu evoluir. Souberam, por outro lado, reconhecer nos leitores, por regra fiéis, as suas diferentes motivações, que padronizaram em géneros distintos de publicações e em secções próprias. As linguagens, os conceitos, os gostos, os símbolos, os interesses conheceram, então, renovação significativa, da moda aos sports, da instrução ao espiritismo, da poesia à cinefilia. As revistas ocuparam um lugar igualmente central no vivíssimo debate de ideias que distinguiu a I República. Foi em torno de um novo título de periódico que, de forma quase invariável, cada nova doutrina se deu a conhecer, independente do foro - político, social, literário, educativo, histórico, ou outro - que lhe era próprio. As respectivas redacções agrupavam os intelectuais que perfilhavam uma mesma concepção, explicitada e desenvolvidas nas páginas do novo órgão. Tratou-se, em muitos casos, de revistas influentes na vida cultural e política do país, a que as figuras cimeiras do pensamento e das letras dedicaram porfiado labor e das quais resultaram correntes de opinião estruturadas e perduráveis. Todos as temos na memória.

    Este 8.º colóquio da série A República Mês a Mês, organizado em parceria pela Fundação Mário Soares e pela Câmara Municipal de Lisboa, coloca, precisamente, em destaque as Revistas da República.

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