watch_later 25/2/2010 location_on Sala do Arquivo dos Paços do Concelho
A Fundação Mário Soares e a Câmara Municipal de Lisboa assinalam o Centenário da República com uma série de 18 colóquios sobre questões essenciais da história do regime republicano. A segunda destas conferências, sob o tema "As sociedades Secretas", será apresentada pelo Doutor António Lopes, e terá lugar na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho. A fase final do reinado de D. Carlos foi marcada pelo governo ditatorial de Joâo Franco, que dissolveu o Parlamento, reforçou as medidas de censura contra a imprensa, atacou a Câmara Municipal de Lisboa, adiando sine die as eleições municipais, e aprovou o decreto de 31 de Janeiro de 1908, que previa a expulsão do País ou a deportação para as colónias de África e Timor dos alegados implicados em conspirações ou delitos contra a segurança do Estado, «quando os interesses superiores do Estado assim o aconselharem». A esses tempos conturbados e de crescente repressão respondeu o alastramento das actividades clandestinas de quantos se lhes opunham. Daí, o aumento significativo de elementos ganhos para as sociedades secretas, designadamente a Maçonaria e a Carbonária - entendidas como única via possível para o derrube da monarquia - em redor das quais proliferavam também múltiplas associações legais de pendor marcadamente anti-clerical e de afirmação progressista e republicana, designadamente em torno de questões como o Livre Pensamento, a Instrução Popular ou o Registo Civil. São, de facto, os elementos maçons e carbonários (aqui incluídos os da Carbonária anarquista) que irão desempenhar um papel fulcral no movimento revolucionário que conduziu à Implantação da República em 1910, tanto mais que muitos dos principais dirigentes políticos do partido republicano estavam também ligados aessas organizações. Trata-se, afinal, de um fenómeno em que se complementam e articulam as orientações políticas dominantes no partido republicano (consagradas no Congresso de Setúbal de 1909) e as estruturas operacionais de quantos, civis e militares, irão decidir na Rotunda o derrube do regime monárquico.